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Marcelo antecipa que escolas não reabrem em abril

No final da terceira reunião, no Infarmed, entre os representantes dos órgãos de soberania e as entidades de saúde, o Presidente da República adiantou que no entender dos especialistas deve manter-se o atual esforço de contenção até ao final de abril, o que sugere que as escolas não devem reabrir antes de maio.

Mário Cruz
07 de Abril de 2020 às 14:22
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A decisão do Governo quanto a uma eventual reabertura das escolas só deverá ser formalmente conhecida na próxima quinta-feira, no entanto o Presidente da República já adiantou que os estabelecimentos de ensino vão ficar encerrados, pelo menos, até ao final do presente mês de abril. 

Em conferência de imprensa realizada no final da terceira reunião mantida entre os representantes dos órgãos de soberania, líderes partidários e as principais entidades de saúde nacionais, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que, no entender dos especialistas, as medidas de contenção da pandemia estão a produzir efeitos, pelo que devem ser mantidas até ao final de abril, o mês crítico para a evolução do surto em Portugal. 

Em resposta a uma questão colocada pelos jornalistas sobre se se pode depreender que esta consideração dos técnicos em saúde pública significa que as escolas não irão reabrir depois das férias da páscoa, Marcelo admitiu que "pode depreender, obviamente". 

O Presidente fez questão de lembrar que o primeiro-ministro tem até ao dia 9 de abril, a data fixada por António Costa para anunciar se as aulas presenciais seriam, ou não, retomadas na próxima semana, porém, "daquilo que disseram os especialistas, a opção a fazer é ganhar em abril o mês de maio". Ou seja, Marcelo considera que é preciso "manter este esforço durante o mês de abril". 

Marcelo Rebelo de Sousa recorreu à imagem já usada pelo primeiro-ministro para notar que "havia uma luzinha [ao fundo do túnel], mas ainda não se via essa luzinha", para defender que "se os portugueses forem capazes de manter esta dedicação cívica durante o mês de abril, isso facilitará ver a luzinha durante o mês de maio". 

A ideia central transmitida ao longo da reunião que voltou a decorrer nas instalações do Infarmed assenta na necessidade de, em abril, dar continuidade às medidas implementadas para conter a pandemia de modo a que, em maio, seja possível iniciar uma normalização da vida em sociedade.

Como tal, Marcelo pediu aos portugueses que façam durante este mês um "suplemento de esforço" para "se poder virar a página no final do mês de abril. O Presidente disse ainda que foram passadas "boas notícias" na reunião, contudo que não dispensam um "esforço complementar nas semanas que se seguem".

Na passada sexta-feira, o primeiro-ministro estabeleceu, em entrevista à Renascença, que o 4 de maio é a data limite para o regresso às aulas presenciais, em particular para os alunos do secundário (10.º, 11.º, 12.º anos letivos). 

Para além do encontro desta manhã, em que também participaram o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o ministro da Educação e ainda representantes do Conselho Nacional da Educação e do Conselho das Escolas, o Governo recebe amanhã, 8 de abril, os partidos para avaliar a recalendarização do ano escolar. 

PSD quer Telescola apenas até ao 2.º ciclo
O vice-presidente do PSD, David Justino, salientou a utilidade desta reunião, desde logo por permitir "começar a construir saída que sejam pertinentes". O antigo ministro da Educação garantiu ainda "disponibilidade total para colaborar com o Governo" na escolha de medidas que permitam superar a impossibilidade de serem realizadas aulas presenciais. 

Justino considera que é ainda cedo para se saber em que data será possível reabrir as escolas, e avisa que as escolas envolvem grupos de alto risco, pois boa parte do corpo docente tem pelo menos 50 anos de idade.

"Todo o cuidado é pouco" na decisão sobre o regresso às aulas presenciais, disse notando que o PSD já entregou, ao Governo, um pacote de possíveis alternativas ao ensino presencial, às avaliações e realização de exames, bem como sobre os meios de comunicação que podem ser usados. O partido liderado por Rui Rio admite como possível um cenário de prolongamento do encerramento das escolas durante o mês, ou parte, de maio. 

Entre as vias possíveis que os sociais-democratas apresentaram ao Executivo, e que não foram tornadas públicas, estão, ao que o Negócios apurou, a possibilidade de cancelamento das provas de aferição e das provas finais do 9.º ano, o que permitiria ganhar um conjunto de dias para acrescentar ao calendário de aulas.

O PSD contempla ainda a hipótese de o ano letivo ser prolongado pelo menos três semanas e, ao contrário do Governo, que, segundo avançou o Público, vai iniciar a Telescola já no começo do terceiro período (14 de abril) até ao 3.º ciclo, os sociais-democratas defendem que as aulas pela televisão sejam só até ao 2.º ciclo (até ao 6.º ano de escolaridade). 

Tal como Marcelo, também a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, deixou clara a garantia de que a "reabertura do ano letivo no dia 14 de abril está, neste momento, posta fora de questão". A líder bloquista sinalizou que "parece claro que as medidas de contenção estão a dar
resultado", pelo que vê como natural que as restrições em vigor se prolonguem.

Ainda sobre a questão do encerramento dos estabelecimentos de ensino, André Silva, líder do PAN, garantiu que "não há dados que permitam assegurar que possamos [reabrir as escolas] com segurança"

(Notícia atualizada)

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