Notícia
Von der Leyen admite sanção à Rússia com Nord Stream 2 e quer reservas de gás na UE
"A empresa, que pertence ao Estado russo, está a semear dúvidas sobre a sua fiabilidade" e isto numa altura em que "a Rússia está a exercer pressão militar sobre a Ucrânia e a utilizar gás para nos pressionar", sublinhou em entrevista a presidente da Comissão Europeia.
04 de Fevereiro de 2022 às 11:19
A presidente da Comissão Europeia não descarta recorrer ao controverso gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha através do Báltico, para sancionar Moscovo, trabalhando ainda com os Estados-membros em reservas europeias comuns de gás.
Numa entrevista ao jornal francês Les Echos, publicada esta sexta-feira, Ursula von der Leyen afirmou, quando questionada sobre aquela possibilidade, que tal "dependerá da atitude da Rússia", admitindo assim utilizar o Nord Stream 2 como parte do mecanismo de sanções, no caso de Moscovo decidir intervir militarmente na Ucrânia novamente, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.
Numa altura de forte tensão geopolítica e de crise energética, a líder do executivo comunitário falou no "comportamento estranho" da empresa de gás estatal russa Gazprom nos últimos meses, apontando que, apesar de a companhia cumprir os contratos, faz "o mínimo" possível.
Isto porque, enquanto outros operadores aumentaram as entregas de gás em resposta ao aumento da procura e ao aumento exponencial dos preços, a Gazprom não o está a fazer, referiu Ursula von der Leyen.
"A empresa, que pertence ao Estado russo, está a semear dúvidas sobre a sua fiabilidade" e isto numa altura em que "a Rússia está a exercer pressão militar sobre a Ucrânia e a utilizar gás para nos pressionar", assinalou a responsável, falando numa situação "muito grave" junto à fronteira ucraniana.
E vincou: "É por isso que o Nord Stream 2 não pode ser excluído da lista de sanções, isto é muito claro".
Garantido fazer tudo "para encontrar uma solução diplomática", Ursula von der Leyen reconheceu, porém, que a UE tem de se "preparar para um possível fracasso", pelo que "qualquer nova escalada militar por parte da Rússia terá consequências maciças".
Em causa estão possíveis sanções como o fim do financiamento estrangeiro à Rússia e o controlo das exportações de bens essenciais, incluindo componentes de alta tecnologia para inteligência artificial, armamento ou para atividades espaciais.
Cerca de 37% do comércio externo russo é feito com a UE, enquanto para o conjunto dos Estados-membros a Rússia representa apenas 4,8%.
Esta dependência russa é ainda maior em termos de investimento estrangeiro, com 75% das verbas provenientes da UE, sendo que o fluxo inverso representa apenas 1,9%.
Porém, o principal problema de um mecanismo de sanções para a UE seria a sua dependência do gás russo (que equivale a cerca de 40% do consumo).
Para resolver este problema, Ursula von der Leyen disse ao jornal francês estar a trabalhar com os Estados-membros da UE para "construir reservas estratégicas comuns de gás" e para recorrer a "aquisições comuns de gás", dadas as perturbações dos últimos meses nos fornecimentos russos e as tensões políticas com Moscovo.
Além disso, a UE está a trabalhar com os Estados Unidos para uma "parceria estratégica energética", de forma a diversificar as fontes de energia (como o gás natural liquefeito), razão pela qual se realiza, na próxima segunda-feira, em Washington, uma cimeira sobre o assunto.
Bruxelas está ainda em conversações com outros países produtores de gás, como a Noruega, Qatar, Azerbaijão e Egito, adiantou Ursula von der Leyen.
A Rússia (com 41,1%) era em 2019 o principal fornecedor de gás à UE, seguida da Noruega (16,2%), da Argélia (7,6%) e do Qatar (5,2%), segundo os mais recentes dados oficiais, sendo também o principal exportador de combustível sólido para o bloco (46,7%).
Numa entrevista ao jornal francês Les Echos, publicada esta sexta-feira, Ursula von der Leyen afirmou, quando questionada sobre aquela possibilidade, que tal "dependerá da atitude da Rússia", admitindo assim utilizar o Nord Stream 2 como parte do mecanismo de sanções, no caso de Moscovo decidir intervir militarmente na Ucrânia novamente, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.
Isto porque, enquanto outros operadores aumentaram as entregas de gás em resposta ao aumento da procura e ao aumento exponencial dos preços, a Gazprom não o está a fazer, referiu Ursula von der Leyen.
"A empresa, que pertence ao Estado russo, está a semear dúvidas sobre a sua fiabilidade" e isto numa altura em que "a Rússia está a exercer pressão militar sobre a Ucrânia e a utilizar gás para nos pressionar", assinalou a responsável, falando numa situação "muito grave" junto à fronteira ucraniana.
E vincou: "É por isso que o Nord Stream 2 não pode ser excluído da lista de sanções, isto é muito claro".
Garantido fazer tudo "para encontrar uma solução diplomática", Ursula von der Leyen reconheceu, porém, que a UE tem de se "preparar para um possível fracasso", pelo que "qualquer nova escalada militar por parte da Rússia terá consequências maciças".
Em causa estão possíveis sanções como o fim do financiamento estrangeiro à Rússia e o controlo das exportações de bens essenciais, incluindo componentes de alta tecnologia para inteligência artificial, armamento ou para atividades espaciais.
Cerca de 37% do comércio externo russo é feito com a UE, enquanto para o conjunto dos Estados-membros a Rússia representa apenas 4,8%.
Esta dependência russa é ainda maior em termos de investimento estrangeiro, com 75% das verbas provenientes da UE, sendo que o fluxo inverso representa apenas 1,9%.
Porém, o principal problema de um mecanismo de sanções para a UE seria a sua dependência do gás russo (que equivale a cerca de 40% do consumo).
Para resolver este problema, Ursula von der Leyen disse ao jornal francês estar a trabalhar com os Estados-membros da UE para "construir reservas estratégicas comuns de gás" e para recorrer a "aquisições comuns de gás", dadas as perturbações dos últimos meses nos fornecimentos russos e as tensões políticas com Moscovo.
Além disso, a UE está a trabalhar com os Estados Unidos para uma "parceria estratégica energética", de forma a diversificar as fontes de energia (como o gás natural liquefeito), razão pela qual se realiza, na próxima segunda-feira, em Washington, uma cimeira sobre o assunto.
Bruxelas está ainda em conversações com outros países produtores de gás, como a Noruega, Qatar, Azerbaijão e Egito, adiantou Ursula von der Leyen.
A Rússia (com 41,1%) era em 2019 o principal fornecedor de gás à UE, seguida da Noruega (16,2%), da Argélia (7,6%) e do Qatar (5,2%), segundo os mais recentes dados oficiais, sendo também o principal exportador de combustível sólido para o bloco (46,7%).