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Venizelos, de hábil negociador a líder de um partido em crise

Posicionado na esquerda moderada, persuasivo, com experiência governativa e bons contactos internacionais. São estes os argumentos que o antigo ministro das Finanças helénico lança para ganhar as eleições do próximo domingo.

03 de Maio de 2012 às 18:15
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Evangelos Venizelos, 55 anos, que em 18 de Março assumiu a liderança de um PASOK em profunda crise, foi durante quase seis meses o rosto da austeridade e das duras negociações internacionais em torno da dívida da Grécia. O novo líder dos socialistas gregos desde então tentou demarcar-se de um perfil, de imediato, associado à austeridade e às duras negociações com os credores internacionais e parceiros europeus.

Venizelos, que após a sua eleição para a liderança dos socialistas, numa votação dos militantes a nível nacional, se demitiu de ministro das Finanças, tem como principal desafio reduzir a desvantagem de um partido que continua em segundo lugar nas intenções de voto (entre 18% a 20%) nas legislativas de domingo mas arrisca-se a perder metade do eleitorado.

Excelente orador, alto e corpulento, com uma energia que parece inesgotável, o ex-ministro das Finanças grego liderou desde Novembro as discussões sobre a dívida do país em sintonia com a direita conservadora da Nova Democracia (ND) de Antonis Samaras, que também integrou o governo de "unidade e salvação nacional".

Na elite desde escândalo político

Natural de Salónica (norte da Grécia, segunda cidade do país), professor de lei constitucional na universidade local, Venizelos iniciou a sua ascensão política no final da década de 1980 pela mão de Andreas Papandreou, o falecido fundador do PASOK e pai do ex-primeiro-ministro George Papandreou.

Acabou por ganhar a total confiança do patriarca socialista quando, após a derrota eleitoral do PASOK em 1989, Papandreou foi acusado de envolvimento no "escândalo Koskotas", que derrubou o governo PASOK.

Apesar de não ter comparecido nas sessões do tribunal, Venizelos foi um dos principais conselheiros jurídicos de Papandreou, que acabou por ser absolvido. Desde então, o promissor político tem pertencido à restrita elite dirigente dos socialistas gregos.

Porta-voz do governo em 1993, após o regresso do veterano e debilitado Andreas Papandreou ao poder, foi ministro da Informação, e continuou a marcar presença nos posteriores governos socialistas após a morte do líder fundador em 1996. Foi ministro dos Transportes e da Justiça, do Desenvolvimento e da Cultura, em particular durante o consulado do primeiro-ministro do PASOK, Costas Simitis (1996-2004).

Venizelos versus Papandreou

Em 2007 decidiu desafiar o clã Papandreou para a liderança do PASOK e concorreu às primárias socialistas contra George Papandreou. Considerado favorito, foi no entanto derrotado.

Com poderosos apoios no norte da Grécia, Evangelos Venizelos acatou os resultados eleitorais, adoptou um comportamento discreto, ofereceu a sua prestação ao novo líder socialista. Por isso, voltou a ser recompensado.

Quando os conservadores voltaram a ser afastados do poder em 2009, o primeiro-ministro George Papandreou ofereceu ao seu antigo adversário interno a pasta da Defesa. E, após a demissão do tecnocrata Georges Papaconstantinou, assumiu a poderosa pasta das Finanças.

"Vou sacrificar-me pelo país, alguém tem de o fazer", ainda se mantém uma das suas frases mais célebres. E foi esse tom messiânico que adoptou durante as primárias socialistas.

Num discurso durante a pré-campanha, este filho de um advogado recordou as suas origens humildes, o "subúrbio operário" onde cresceu, e se posicionou no "centro-esquerda", em contraposição ao "pós-modernismo" de George Papandreou, que nasceu nos Estados Unidos e parecia querer transformar o PASOK numa cópia do Partido Democrata.

Grego do norte, posicionado na esquerda moderada, persuasivo, com larga experiência governativa e bons contactos internacionais - estes são os argumentos do novo líder do PASOK, que nunca esteve tão fragilizado desde a sua fundação em 1974. Nas legislativas de Outubro de 2009, o partido garantiu a eleição de 160 dos 300 deputados.

Agora, arrisca-se ao pior resultado da sua história.

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