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Slim: "Semanas de trabalho mais curtas são solução para a mudança civilizacional"

Considerado um dos homens mais ricos do mundo, o mexicano, presidente emérito da América Móvil, volta, em entrevista à Bloomberg, a defender uma mudança de paradigma nos hábitos de trabalho, apregoando as vantagens de se trabalhar apenas três dias por semana.

4º - Carlos Slim Helú e família, telecomunicações, México. Fortuna de 50 mil milhões de dólares
04 de Agosto de 2016 às 15:59
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Em Julho de 2014, o empresário mexicano Carlos Slim surpreendeu o mundo ao defender a redução da semana de trabalho de cinco para três dias. Em contrapartida, o então CEO da Telmex dizia que o horário poderia ter de aumentar para 11 horas por dia e a idade da reforma para os 70 ou 75 anos. "Com três dias de trabalho teríamos mais tempo para relaxar, para qualidade de vida", explicou ao Financial Times. "Ter quatro dias [de descanso] seria importante para gerar novas actividades de entretenimento".

Numa longa entrevista à Bloomberg, "o rei Midas das telecomunicações", quarto homem mais rico do mundo segundo o mais recente "ranking" da Forbes, agora com 76 anos e retirado da vida activa - é presidente emérito da América Móvil - volta a apregoar as vantagens de uma alteração radical dos hábitos de trabalho.


"Semanas mais curtas são uma solução para as mudanças civilizacionais", defende. "Historicamente, os avanços tecnológicos e o progresso levaram as pessoas a trabalhar menos tempo. O que está agora a acontecer é que as pessoas vivem mais tempo, com melhor saúde e sem a necessidade de esforço físico. A produtividade aumentou exponencialmente, apesar da recusa de alguns economistas. E vemos que é por isso que o desemprego é um grande problema em muitos países, especificamente na Europa. É importante que as pessoas não se reformem aos 50, 60, ou 65 anos de idade. Devem fazê-lo mais tarde, porque são eles que têm mais conhecimento e experiência. Mas ao mesmo tempo deveriam trabalhar três dias por semana, para abrir espaço para os mais jovens", argumenta Slim.


Os sistemas de segurança social sairiam beneficiados e a economia também. "Ao ter-se quatro dias por semana livres uma série de actividades seriam encorajadas – o turismo, o entretenimento, o desporto, a cultura ou a educação – e as pessoas poderiam tirar proveito desses dias extras para manter a sua aprendizagem", argumenta Carlos Slim, que começou a trabalhar aos oito anos ajudando na loja do pai, Julián Slim Haddad, que se radicara no México vindo do Líbano. 


Essa mudança de paradigma, diz, deve ser promovida pelas administrações públicas e pelas empresas dos sectores onde o crescimento da produtividade gerou excedentes de mão-de-obra. "É uma óptima mudança a de se trocar menos dias de trabalho por mais anos de trabalho até à reforma", afirma. Na Telmex, a unidade de telefonia fixa da América Móvil, essa oferta está a ser feita há já a alguns anos e cerca de 40% dos trabalhadores seleccionados aceitaram-na, diz Slim. 
"Suponha que metade dos funcionários da Telmex era excedentário. Seria uma grande solução: teríamos metade a trabalhar de segunda a quarta-feira, o resto de quarta a sábado. Poderíamos prestar serviços 12 horas por dia durante seis dias. E as pessoas aposentar-se-iam aos 75 com mais tempo livre até lá".

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