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Siresp tem “mesmo nível de fragilidades” que nos incêndios de 2017
Volvidos quase três anos dos fogos que vitimaram centenas de portugueses, o especialista Paulo Moniz, entretanto eleito deputado do PSD, denuncia que “nenhuma das medidas mais importantes foi implementada no terreno”.
Com o país em estado de emergência por causa da covid-19, a relevância das comunicações utilizadas pelas polícias e meios de socorro volta a ser equacionada, até porque, em última instância, é a rede Siresp que será utilizada para coordenar todas as forças e esforços de auxílio de emergência e segurança do país. Porém, quase três anos depois dos grandes fogos florestais, pouco parece ter mudado.
"Estarmos com os níveis de robustez, fiabilidade e resiliência das redes de comunicações públicas (móveis e fixas) em circunstâncias semelhantes às que se encontravam aquando dos grandes incêndios de 2017. Dito de outra maneira, estamos praticamente ao mesmo nível de fragilidades do que nos incêndios de 2017", diagnostica Paulo Moniz, especialista em comunicações de emergência, numa entrevista ao DN.
Eleito deputado nas últimas eleições legislativas, como cabeça-de-lista do PSD nos Açores, este engenheiro eletrotécnico e de computadores integrou o grupo de trabalho da Anacom, formado na sequência da vaga de incêndios, para propor medidas que aumentassem a resiliência da rede Siresp. Porém, das 27 recomendações apresentadas em maio de 2018, "nenhuma das medidas mais importantes foi implementada, efetivamente, no terreno".
Na mesma entrevista, publicada esta segunda-feira, 23 de março, Paulo Moniz sublinha que nem algumas das 47 propostas feitas pelo grupo de trabalho do próprio Ministério da Administração Interna acabaram por sair do papel. Foi o caso, exemplificou, da aquisição de mais geradores, do reforço da cobertura na Madeira e Açores ou dos equipamentos técnicos para medir no terreno os reais níveis de sinal/cobertura, de forma a validar os valores avançados pelos fornecedores.