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Sevinate Pinto: Um percurso político e empresarial sempre dedicado à agricultura

O ex-ministro da agricultura Sevinate Pinto, falecido este domingo, 29 de Março, aos 69 anos, foi um dos mais prestigiados altos funcionários portugueses da União Europeia com um percurso político, académico e empresarial sempre ligado ao sector.

Duarte Roriz/Correio da Manhã
29 de Março de 2015 às 15:41
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Armando José Cordeiro Sevinate Pinto nasceu em Ferreira do Alentejo a 1 de Janeiro de 1946, era casado, tinha dois filhos e licenciou-se em engenharia agrónoma pelo Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica de Lisboa).

 

Como independente pelo PSD, foi ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas do XV Governo Constitucional (PSD/CDS-PP), dirigido pelo primeiro-ministro Durão Barroso, entre 6 de Abril de 2002 a 17 de Julho de 2004.

 

Enquanto ministro, o mandato de Sevinate Pinto foi marcado por negociações duras com Bruxelas em 2002 e 2003, aquando da discussão da reforma da Política Agrícola Comum (PAC), que acabou aprovada pela Comissão Europeia para entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2005, mas com o voto contra de Portugal.

 

O mandato como ministro foi ainda marcado pela chamada "crise dos frangos", quando a direcção-geral de veterinária detectou nitrofuranos, uma substância cancerígena proibida, em explorações de aves, o que levou Bruxelas a considerar um embargo à carne de aves portuguesas.

 

Em 2003, também na área das pescas, o ministério que liderou esteve em intensas negociações com Espanha tendo conseguido limitar o acesso de barcos espanhóis a águas portuguesas até 2013.

 

Realizou uma reforma florestal e esteve no centro de uma polémica com as associações de bombeiros, ao ter declarado no parlamento, num ano excepcional de incêndios, que ""em Portugal não se sabe atacar fogos florestais", controvérsia que acabou com um pedido de desculpas do ministro.

 

Recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo a 9 de Junho de 2005.

 

Mais recentemente foi consultor do Presidente da República para os Assuntos Agrícolas e o Mundo Rural, mas acabou exonerado por Cavaco Silva a 12 de Março de 2014 por ter assinado o "manifesto dos 70", petição encabeçada por personalidades portuguesas em defesa da reestruturação da dívida.

 

Tinha iniciado a sua actividade profissional em 1970, no Centro de Estudos de Economia Agrária da Fundação Gulbenkian. De 1976 até 1986, foi, sucessivamente, funcionário do Ministério do Comércio (técnico superior) e do Ministério da Agricultura (técnico superior, director de serviços e Director-geral).

 

Nesse período, Sevinate Pinto foi membro da Comissão Interministerial para a Integração Europeia e participou activamente nas negociações de adesão de Portugal à Comunidade Europeia, vulgarmente conhecida por CEE.

 

Depois da adesão foi nomeado director da Comissão Europeia, entre 1987-1993, tendo sido um dos obreiros das medidas de acompanhamento da PAC, nos domínios agro-ambiental, da florestação das terras agrícolas e das reformas antecipadas.

 

Ao longo da sua vida, foi responsável e co-responsável por centena e meia de publicações (livros, estudos, revistas, jornais), tendo participado em centenas de congressos, seminários e outras reuniões técnicas, em Portugal e no estrangeiro, sobre temas ligados à agricultura.

 

Era coordenador técnico da Agro.Ges, uma sociedade de estudos e projectos ligados ao mundo rural.

 

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