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Que Europa queremos? É a pergunta da Comissão Europeia

Depois da crise e das questões existenciais suscitadas pelo Brexit, é tempo de lançar um debate alargado na Europa sobre os objectivos da UE a 27, defende o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen.

Bruno Simão
20 de Junho de 2017 às 22:30
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Quase um ano após o referendo sobre o Brexit, e numa altura em que as economias mais castigadas pela crise financeira regressam ao caminho do crescimento, a Comissão Europeia defende que é altura de parar para pensar. Pensar no que queremos para a Europa e que tipo de União Europeia a 27 nascerá após o divórcio do Reino Unido.

Para Jyrki Katainen, vice-presidente da Comissão Europeia, as conclusões deverão nascer de um debate alargado por toda a Europa, que dê voz não só aos governos como também aos cidadãos. Contudo, Bruxelas não poderá fazer esse trabalho sozinha. "A Comissão poderá fazer algo, mas não o suficiente para garantir que todos são ouvidos", apontou. "Fazemos a nossa parte, mas o compromisso dos governos locais tem de ser forte, tem de haver uma agenda europeia".

"Esta UE a 27 precisa de uma nova direcção e compromissos, não só dos governos e deputados mas também dos cidadãos." Jyrki katainen, Vice-presidente da Comissão Europeia

Queremos mais cooperação? Queremos mais integração? Se sim, diz o político finlandês, deve aproveitar-se o período de transição que dará origem a uma nova União Europeia a 27 para definir as linhas de acção. Que passam, na perspectiva de Bruxelas, reforçar o pilar do mercado único, tornar a união monetária mais abrangente e aumentar a cooperação ao nível da segurança, defesa e combate ao terrorismo.

 "Logo que o Reino Unido saia temos direito a criar uma nova União Europeia a 27, que será diferente", afirmou o responsável na Grande Conferência Anual do Jornal de Negócios. "Esta UE a 27 precisa de uma nova direcção e compromissos, não só dos governos e deputados mas também dos cidadãos".

Ainda assim, o responsável reconhece que os governos estão cada vez mais comprometidos. "Há um ano ainda estávamos em modo de gestão de crise, e com uma crise existencial na sequência do Brexit. Agora os governos estão em posição para o futuro. É só uma questão de vontade política".

Cooperação na defesa

Para Jyrki Katainen, a União Europeia deve focar-se com especial atenção nos seus objectivos no que respeita à defesa e segurança. "Temos de ver o que esperamos e o que queremos. Se queremos mais cooperação e uma maior capacidade de lidar com ameaças de segurança", resumiu.

Numa altura em que o terrorismo e os ciberataques colocam cada vez mais desafios às autoridades, o vice-presidente da Comissão Europeia recordou a sua proposta de criar uma força conjunta para combater os cibercrimes na Europa, que consistiria na criação de um centro "bem treinado" para lidar com estas ameaças. Uma proposta que, "encaixa bem nos tratados actuais e ajuda a construir uma defesa conjunta".

Sobre o combate ao terrorismo, o antigo primeiro-ministro da Finlândia referiu que o mais importante é que as autoridades consigam fazer uma troca efectiva de informações, nomeadamente preventiva. "As autoridades em diferentes Estados-membros têm de saber os movimentos das pessoas tidas como mais perigosas", defendeu.

"Há um ano atrás ainda estávamos em modo de gestão de crise e com uma crise existencial na sequência do Brexit. Agora os governos estão em posição para o futuro."  Jyrki katainen, Vice-presidente da Comissão Europeia
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