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Pandemia provoca subida recorde da pobreza

Pandemia de covid-19 provocou a maior subida da pobreza da série do INE. Em 2020, 18,4% da população portuguesa vivia com menos de 554 euros por mês. Desde o final da anterior crise que a pobreza vinha descendo.

O número de pessoas em risco de pobreza e exclusão social aumentou 72 mil entre 2010 e 2015. Bruxelas duvida que a meta de redução de 200 mil pessoas seja atingida.
Miguel Baltazar
17 de Dezembro de 2021 às 11:23
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As pessoas a viver em pobreza em Portugal disparou para 18,4% em 2020, o primeiro ano da pandemia de covid-19, mais 2,2 pontos percentuais do que no ano anterior, a subida mais alta da série do Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

Segundo os dados do inquérito sobre o rendimento e condições de vida divulgados pelo INE nesta sexta-feira, 17 de dezembro, a pandemia de covid-19 veio inverter uma redução da pobreza em Portugal que se verificava desde 2015, no final da anterior crise.

Em 2019, 16,2% da população vivia abaixo do limiar de pobreza. No ano seguinte, o primeiro da pandemia de covid-19 em Portugal, a taxa de risco de pobreza subiu 2,2 pontos percentuais, para 18,4%. Segundo o INE, esta é "a variação anual mais elevada da série".  Além disso, os dados mostram que a taxa de pobreza atingiu em 2020 o valor mais alto desde 2015, quando 19% da população vivia abaixo do limiar de pobreza.

No ano passado, a taxa de risco de pobreza correspondia à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos anuais inferiores a 6.653 euros (ou 554 euros por mês). No entanto, este limiar, que corresponde a 60% da mediana (11.089 euros) da distribuição dos rendimentos líquidos, subiu 2,7% face ao ano anterior. 

Os dados demonstram também que, com a pandemia, mais 228 mil pessoas passaram a viver na pobreza. Em 2020 eram 1,893 milhões os residentes pobres (contra 1,665 milhões em 2019).

O INE destaca ainda que o crescimento do risco de pobreza foi mais severo no caso das mulheres (cresceu 2,5 pontos percentuais, para 19,2% em 2020), em particular das mulheres idosas (subiu 3 pontos percentuais, para 22,5%).

Em 2020, a desigualdade também disparou, tanto a medida pelo coeficiente de Gini, como pelo rácio S80/S20. Neste último indicador, que compara o rendimento dos 20% da população com maiores recursos com o rendimento dos 20% da população com menores recursos, a desigualdade subiu 14%.

Transferências sociais reduzem pobreza a menos de metade

No entanto, se se considerarem apenas os rendimentos do trabalho, de capital e de transferências privadas (ou seja, excluindo todas as transferências sociais), a população a viver na pobreza em Portugal seria muito superior, disparando para 43,5% em 2020. No ano anterior, excluindo todas as transferências sociais, a pobreza atingia 42,4% da população.

Em primeiro lugar, os rendimentos provenientes de pensões de reforma e sobrevivência contribuíram em 2020 para um decréscimo de 20,6 pontos percentuais na taxa de pobreza. Depois, as transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social contribuíram para a redução do risco de pobreza de 4,6 pontos. Contas feitas, a pobreza é reduzida a menos de metade com estas transferências sociais.

(Notícia atualizada e corrigida às 12:28)

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