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Momento atual “não se compadece com subida de margens de lucro”, diz Centeno

Descida de preços nas matérias-primas nos mercados internacionais deve em breve refletir-se nos preços ao consumidores. Não exige “vigilantes”, mas pede coordenação, segundo o governador do Banco de Portugal.

O BdP liderado por Mário Centeno, a Associação Portuguesa de Bancos e o Governo estão a desenhar a solução para subida das taxas de esforço.
Sérgio Lemos
24 de Março de 2023 às 16:39
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O Banco de Portugal (BdP) melhorou a previsão da inflação para este ano, nos 5,5%, e admite que a atual descida dos preços das matérias-primas internacionais se comece a sentir em breve junto dos consumidores. Mas, tal como os salários, as margens de lucro não poderão contrariar esta tendência, defendeu nesta sexta-feira o governador Mário Centeno na apresentação do Boletim Económico de março da instituição.

 

"As margens de lucro devem seguir um processo cíclico - que representou de facto uma aumento das margens de lucro nos anos passados – que deverá iniciar um processo também ele de acomodação à nova fase que agora iniciamos, e que não se compadece com aumentos das margens de lucro", defendeu o responsável do Banco de Portugal.

 

Também os salários devem evitar crescer acima da produtividade, alertou Centeno, cujas previsões para este ano apontam para uma subida média de 7,1% no setor privado, acima da inflação prevista pelo BdP, com o aumento médio no período até 2025 a ser de 5%.

 

Em 2022, a subida média das remunerações no setor privado foi de 4,6%, representando uma perda real de 3,1%.

 

Para Mário Centeno, colocar pressões adicionais nos preços via salários ou margens de lucros "é um comportamento míope, que no médio prazo vai reverter qualquer ganho, quer salarial quer de margens de lucro, que quer trabalhadores quer empresas possam almejar com essa estratégia".

 

As previsões do BdP, que admitem uma taxa de inflação (harmonizada) a tocar já os 3,2% no trimestre final de 2023, assentam sobretudo na expectativa de redução dos bens energéticos, que deverão cair este ano para o consumidor em 7,6%, segundo a instituição.

 

Também está previsto alívio nos bens alimentares num momento em que os mercados internacionais mostram deflação em várias matérias-primas, factor que se conjuga com a apreciação do euro – cuja desvalorização colocava mais pressões de preços até há pouco.

 

O processo para que estes fatores se sintam nos preços que chegam aos consumidores "não é um processo para o qual precisemos de vigilantes", disse Centeno, mas "nos próximo meses" é de esperar que a coordenação natural dos agentes económicos traduza as descidas. "Estas peças ou funcionam todas em conjunto ou põem em causa todo estes exercício", defendeu.

Questionado na conferência de imprensa de apresentação das novas projeções para a economia económica sobre se, tal como o Banco Central Europeu identificou subidas nas margens das empresas o mesmo sucedeu em Portugal em 2022, Mario Centeno indicou que a análise do Banco de Portugal também encontra subidas. Segundo o governador, estas são "muito transversais" às atividades económicas, e refletem de forma "simétrica" as perdas ocorridas durante a pandemia, podendo ser vistas como recuperação desse período.

 

Mantém-se, porém, a preocupação quanto à possibilidade de estas prosseguirem após a fase de recuperação, com o Banco de Portugal a esperar uma reversão de curso compatível com uma descida da inflação subjacente. Para 2023, a instituição antecipa 6,7% de subida nos preços que excluem alimentos e energia (5,5% na inflação total).

 

Atualizado com mais informação às 17h37

 

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