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BdP revê crescimento em alta para 1,8% e vê inflação recuar para 5,5%

Turismo vai apoiar mais a subida do PIB. Já a descida dos preços de energia leva a revisão em baixa da inflação anual projetada, mesmo assim, no último trimestre ainda estará nos 3,2%.

Manuel de Almeida / Lusa
24 de Março de 2023 às 15:30
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A evolução da exportação dos serviços turísticos e a quebra dos preços da energia nos mercados internacionais deixam o Banco de Portugal (BdP) um pouco mais otimista quanto ao andamento da economia em 2023, com o crescimento a ser revisto em alta e a inflação em baixa face às previsões apresentadas pela instituição em dezembro último.

 

Se há três meses o Banco de Portugal esperava um crescimento do PIB em 1,5%, em termos reais, acima dos dados que o Governo pôs no Orçamento deste ano, melhora ainda mais as perspetivas no Boletim Económico de março, apresentado nesta sexta-feira. Para 2023, a economia deverá expandir-se em 1,8%, segundo a instituição liderada por Mário Centeno.

 

A atualização em três décimas reflete "uma evolução mais favorável das exportações de turismo e, em menor grau, do consumo privado no início do ano".

 

As projeções antecipam agora uma subida das exportações em 4,7% (4,3% em dezembro), com menor subida nas importações (2,4% contra 3% nas últimas previsões).

 

A evolução da procura interna, por outro lado, sofre uma revisão ligeira em baixa (de 0,9% para 0,8% de crescimento), com o Banco de Portugal menos otimista sobretudo quanto à subida do investimento traduzido em formação bruta de capital fixo - recua seis décimas face à previsão de dezembro, para 2,3%, condicionado pela subida dos juros -, e em menor grau no consumo público (revisão de 1,9% para 1,8%).

 

Ainda assim, o boletim antecipa uma melhoria ligeira no consumo privado face a dezembro, prevendo agora 0,3% (0,2% na previsão anterior). A melhoria é enquadrada "pelo crescimento contido do rendimento disponível real e pela recuperação da taxa de poupança". Esta evoluiu de 5,8% para 6,1% nos dois trimestres finais de 2022 (6,1% na média de 2022), segundo dados divulgados também nesta sexta-feira pelo INE.

 

Segundo o Banco de Portugal, "o ritmo de crescimento do PIB deverá aumentar ao longo de 2023 e a inflação deverá reduzir-se de 8,4% no primeiro trimestre para 3,2% no quarto trimestre".

 

Para o conjunto de 2023, a inflação total agora prevista – medida segundo o índice harmonizado para comparações europeias, o IHPC – é de 5,5%, ficando três décimas abaixo da previsão de dezembro, sobretudo em resultado da evolução dos preços do petróleo e do gás natural nos mercados internacionais. É esperada uma descida de 7,6% nos preços dos bens energéticos.

 

"Nos próximos trimestres, a descida da inflação assentará essencialmente na evolução dos preços dos bens energéticos e alimentares, mas a sua magnitude é incerta", avisa, porém, o Banco de Portugal, que por outro lado vê agravadas as pressões mais persistentes de preços, aquelas que se sentem no cabaz que exclui alimentos não transformados e energia.

 

Agora, a instituição admite que a inflação subjacente alcance os 6,7%, quando há três meses a expetativa era de apenas 6%.

 

"A moderação no aumento dos preços dos outros bens e serviços será mais lenta, devido a efeitos desfasados dos preços dos bens energéticos, à recuperação das margens de lucro e ao crescimento dos salários", explica o Boletim Económico.

 

Na área do euro, a evolução da inflação subjacente tem alimentado expetativas mais subidas de juros e por mais tempo por parte do Banco Central Europeu, lembra o Banco de Portugal.

 

Segundo este, a taxa de juro de curto prazo em que esta projeção ultrapassa 4% na segunda metade de 2023 e mantém-se acima de 3% no final do horizonte.

 

O impacto das taxas elevadas, contudo, é atenuado pela redução do endividamento do setor privado observada, poupanças acumuladas e pela recuperação gradual dos setores mais atingidos durante a pandemia.

 

 

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