Notícia
Costa diz que BCE pouco tem feito para travar a inflação. Governo concerta ataque a Lagarde
O primeiro-ministro volta a criticar o caminho seguido até aqui pelo Banco Central Europeu que tem apostado na subida das taxas de juro para controlar a subida de preços. Também Fernando Medina apontou o dedo à presidente do BCE. "Não conseguimos fazer essa desinflação através das famílias portuguesas".
"Convém que o BCE seja muito prudente na forma como está a conduzir a política monetária", começou por afirmar António Costa em Bruxelas, depois da Cimeira do Euro desta sexta-feira. Para o primeiro-ministro, as causas desta inflação são "muito distintas das causas habituais", por isso, a solução não deve ser a tradicional.
"Se a inflação está a ser controlada deve-se em primeiro lugar às medidas que os governos estão a tomar para controlar os preços da energia e apoiar o aumento dos custos de produção dos produtos agrícolas", frisou o chefe do Governo para logo a seguir afirmar que "até agora as contribuições significativas da subida das taxas de juro para controlar a inflação não se verificaram e é improvável que se verifiquem devido às causas especificas desta inflação", rematou.
Em uníssono em Lisboa
Quase à mesma hora, mas a dois mil quilómetros de distância, o ministro das Finanças, Fernando Medina, criticava também a atuação da presidente do Banco Central Europeu (BCE) por exigir o fim dos apoios generalizados às famílias para conter a inflação.
"Considero que está a ser muito dura, sim", disse Fernando Medina. O ministro das Finanças respondia assim a questões colocadas pelos jornalistas. Christine Lagarde tem definido que os Estados-membros do Euro devem reduzir apoios generalizados o mais brevemente possível, para que a subida das taxas de juro possa penalizar o poder de compra e, assim, ajudar a conter a inflação.
"É importante termos consciência" que a subida de preços e a consequente subida das taxas de juro "colocam às famílias uma pressão muito grande", defendeu Fernando Medina.
Considerando que a subida de preços se deve a questões de oferta e muito relacionada ainda com a guerra da Ucrânia, o ministro considerou que não é possível "fazer essa desinflação através das famílias portuguesas, não são elas que estão a gerar a inflação".