Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Medina: fundo soberano foi criado para evitar que o país leve "com a pancada"

Fernando Medina defende que o fundo soberano criado a partir do excedente orçamental vai permitir evitar que o país leve "com a pancada" no caso de uma "queda abrupta das verbas".

António Cotrim / Lusa
20 de Outubro de 2023 às 19:57
  • 21
  • ...
O ministro das Finanças, Fernando Medina, defendeu esta sexta-feira a importância da redução da dívida pública e da criação de um fundo soberano de modo a responder aos "piores cenários" futuros. Caso contrário, diz, "vamos levar com a pancada". 

"Temos duas escolhas: ou temos recursos próprios que podemos investir nessa altura, e daí a importância de reduzir a dívida pública, ou então vamos levar com a pancada", afirmou. 

O assunto foi levantado pelo auditório numa aula aberta sobre o Orçamento do Estado para 2024 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) e Medina explicou que, perante um saldo orçamental positivo, escolheu uma solução "diferente das que ouviu" com a criação do fundo soberano.

O objetivo dessa poupança é responder ao "risco de termos muito menos verbas para investimento público" no futuro, no caso de "uma queda abrupta das verbas que venhamos a receber" ou se não houver "o sucessor do PRR". O ministro das Finanças considera também que o mais importante na dívida pública é que o país não seja "o último da fila", auto-elogiando o papel do Executivo na saída de Portugal do pódio dos países mais endividados da Europa.

Para defender os números da dívida previstos para o próximo ano, Medina recorreu a uma metáfora que lhe foi explicada por "um ex-ministro das Finanças". "O que é importante na gestão da dívida a nível internacional assemelha-se um pouco à estratégia que qualquer indivíduo, dentro de um grupo, deve adotar quando está numa floresta a fugir de um jacaré: não ser o último da fila. Aquilo que nós estamos a fazer é um pouco esse caminho. Não sermos o último da fila", argumentou.

Recorde-se que a proposta do OE para 2024 entregue pelo Executivo prevê uma redução de mais de quatro pontos percentuais na dívida pública para 98,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Número que retira Portugal da lista dos três países mais endividados da UE e que posicionam o país à frente de Grécia, França, Bélgica, Itália e França.

Falta "rigor" nas críticas da oposição à dívida

Questionado por um estudante presente no auditório sobre a subida da receita fiscal, Medina reiterou a tese de que o que está a acontecer é uma subida "do peso das contribuições sociais" e não, necessariamente, uma subida da carga fiscal. Isto acontece, explica, "porque temos mais pessoas a trabalhar e temos pessoas a receberem salários cada vez mais elevados".

"Muitas vezes faz-se oposição de uma forma que não é suficiente a nível de rigor relativamente aos dados - para ser simpático. Vou ficar pela palavra rigor. Sobre os dados que são analisados e o que há por trás. É possível, já aconteceu e tem-nos acontecido, termos sucessivas diminuições de impostos e termos aumento da receita fiscal. Isto é compatível com diminuir impostos", argumentou.

Os partidos da oposição, principalmente à direita, têm usado a subida da receita fiscal como crítica a esta proposta do Executivo. O PSD já recorreu a essa subida para argumentar que "é um logro dizer que este orçamento vai baixar impostos". Uma crítica acompanhada pela Iniciativa Liberal e o Chega

Para lá das apreciações orçamentais, também esta palestra ficou marcada pela ação do grupo ativista "Greve Climática Estudantil" que atirou tinta verde ao responsável pelas Finanças. Perante o protesto, Medina respondeu com boa disposição, dizendo que pelo menos sabe que "tem uma apoiante em relação à subida do IUC", fazendo referência ao agravamento do imposto que tem gerado muitas críticas.

Sobre o papel das universidades na vida democrática, Medina lembrou o seu papel na organização de uma greve estudantil que, curiosamente, tinha como alvo principal o ex-ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos, que era na altura presidente do Conselho Científico da Faculdade de Economia.

Ver comentários
Saber mais Orçamento Dívida pública Impostos Fernando Medina
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio