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Marcelo comenta ataque com tinta a Medina: "É muito pouco eficaz"
O Presidente da República destacou que "há outras maneiras de luta, proposta e crítica" que os ativistas climáticos podem adiantar, e salientou preocupação de Portugal quanto ao tema.
"Se o objetivo é atacar a política ambiental portuguesa, é muito pouco eficaz", afirmou Marcelo em declarações aos jornalistas, à margem do congresso de 25 anos das empresas familiares, que decorreu esta sexta-feira em Lisboa.
"Tomara a maioria dos países no mundo estarem tão preocupados quanto os portugueses todos relativamente ao fim de dependência de energias do passado", atirou, lembrando que Portugal é um país que "não tem centrais nucleares e onde o gás é visto como solução transitória".
"É uma crítica que verdadeiramente é pouco efetiva no caso português", reforçou.
Além do gesto em si, Marcelo criticou ainda a "repetição" do ato por parte do grupo de ativistas. Recorde-se que também Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, foi atingido com um balão de tinta durante um evento que decorreu no final de setembro.
Para o Presidente da República este tipo de atos "são simbólicos". "O que é preciso em Portugal é que a maioria dos portugueses esteja de acordo com as mudanças na energia. E isso significa conquistá-los, mesmo quando custa mais caro. É preciso explicar, sobretudo aos mais velhos e mais pobres, que vai ser muito bom quando tivermos 100% de eletricidade produzida cá e de fontes limpas, mesmo que seja mais caro ao início", detalhou.
Marcelo reagiu pouco depois do ataque a Fernando Medina, durante esta tarde, enquanto dava uma aula aberta de apresentação do Orçamento do Estado para 2024 (OE 2024), na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
O protesto foi rapidamente imediatamente travado pelas forças de segurança presentes, que retiraram a jovem da sala. Após ser atingido, Medina respondeu com ironia: "Pelo menos sei que tenho uma apoiante em relação à subida do IUC".
"É preciso reflexão", diz Marcelo
Questionado pelos jornalistas sobre se a decisão de subir o IUC para veículos anteriores ao ano de 2007, prevista no OE 2024, faz sentido, o Presidente da República considera que "é uma matéria sobre a qual é preciso fazer uma reflexão serena".
"Quando se quer dar passos em termos de transição na energia, o que significa mudar hábitos, tem sempre custos. Adotar as energias renováveis também custou ao país e aos portugueses e hoje percebe-se que fez bem ao país", afirmou.
A subida do IUC, conhecido como "o selo do carro", tem sido uma das medidas do OE para o próximo ano que mais polémica tem suscitado. O agravamento está previsto para os automóveis ligeiros anteriores a 2007 e também nos motociclos.
As simulações realizadas pela PwC mostram que o agravamento do IUC num Ford Focus a gasolina com matrícula de 2001, por exemplo, é no montante máximo - 25 euros - o que representa uma subida de 16%, passando de 153,85 euros para 178,85 euros.