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IPMA: Raio só tem probabilidade de 5% e "downburst" não aconteceu próximo do incêndio

Em conferência de imprensa, o instituto de meteorologia explicou dados sobre o relatório final que enviou ao primeiro-ministro em relação às causas do incêndio de Pedrogão Grande.

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05 de Julho de 2017 às 15:55
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O relatório do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) sobre o incêndio de Pedrógão Grande revela que só há 5% de probabilidade de a ignição ter sido provocada por trovoada, tal como foi indicado pela PJ.

O IPMA realizou hoje uma conferência de imprensa complementar ao relatório já conhecido, referindo, mais uma vez, que há uma probabilidade baixa de terem ocorrido descargas eléctricas (raios) na proximidade do local e na hora de início do incêndio de Pedrógão Grande.

"As descargas nuvem-solo que foram detectadas próximo do local do incêndio ocorreram às 17:37 horas, 18:53 e 20:54, sendo que as 14:43 são a hora de referência do início do incêndio", explicou o coordenador do estudo, Nuno Moreira.

Assim, o relatório sugere que há uma probabilidade baixa, no entanto não nula, de uma descarga nuvem-solo na proximidade do local do início do incêndio", acrescentou o técnico do IPMA.

A meteorologista Sandra Correia acrescentou que existe "uma margem de erro" e que "a rede poderá não ter apanhado alguma descarga", mas confirmou tudo indicar "que, mais perto do local, estas descargas só se verificaram a partir do meio da tarde até à noite".

"Não detectámos nenhuma descarga à hora do incêndio", frisou.

O meteorologista Paulo Silva sublinhou que "tendo em conta a actividade convectiva [instabilidade atmosférica] próximo da zona de Escalos Fundeiros [aldeia de Pedrógão Grande], permite concluir, segundo o radar, que a nuvem, nesse instante preciso, não tinha maturidade para produzir descarga nuvem-solo, logo teria sido posterior".

Em relação a um 'downburst' (um vento de grande intensidade e junto ao solo que, a partir de determinado ponto, sopra em linha recta em todas as direcções), Nuno Moreira referiu que "foi possível observar esse fenómeno por radar em várias regiões do alto Alentejo, mas que não foi detectado nenhum próximo do local do incêndio".

O 'downburst', adianta o IPMA, ajuda a explicar a agressividade do incêndio que destruiu 26 mil hectares e várias centenas de habitações, já que o fogo o pode incrementar.

"Identificou-se uma activação da pluma de incêndio e essa activação, sugerem os dados, pode ser devido ao 'donwburst', mas que não é directamente observado", explicou Nuno Moreira, ressalvando que estes fenómenos de correntes descendentes são raros.

No dia 17 de Junho, as estações meteorológicas de superfície também detectaram rajadas de vento de 80 quilómetros hora em Proença-a-nova.

Os técnicos do IPMA referiram ainda que, por volta da 19:25, foi detectada uma primeira activação da pluma de incêndio e que esta, repentinamente, passou para os 20 quilómetros.

No documento, enviado ao primeiro-ministro, é explicado que o incêndio de Pedrógão "deflagrou e desenvolveu-se num quadro meteorológico caracterizado por uma situação de calor e secura extrema, instabilidade atmosférica com ocorrência de trovoadas, sem precipitação na região e rajadas intensas de vento".

O incêndio que deflagrou em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, alastrou a Figueiró dos Vinhos e a Castanheira de Pera.

As chamas chegaram ainda aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e por Penela.

Este fogo, juntamente com outro que deflagrou no mesmo dia em Góis, que alastrou a Arganil e Pampilhosa, terão afetado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas.

Quase 50 empresas foram também afectadas, assim como os empregos de 372 pessoas.
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