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Há um buraco de financiamento por cobrir na Grécia. O BCE pode ajudar a tapá-lo

Os bancos centrais da Zona Euro e o BCE podem ter de prolongar maturidades da dívida grega. A extensão dos prazos dos títulos de dívida com maturidade entre 2013 e 2014 detidos pelo Eurosistema é uma das possibilidades avançadas pelo ministério das Finanças da Grécia para cobrir o buraco de financiamento que o país enfrenta.

25 de Setembro de 2012 às 13:44
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O Banco Central Europeu (BCE) e os bancos centrais da Zona Euro poderão ter de prolongar as maturidades dos títulos de dívida grega que têm nas suas carteiras. Tudo para ajudar a Grécia a cobrir as suas necessidades de financiamento, que não serão satisfeitas com o novo pacote de austeridade.

Num comunicado dirigido aos deputados gregos, datado de 19 de Setembro, o vice-ministro das Finanças, Christos Staikouras, afirmou que a dívida detida pelo BCE e bancos centrais, cuja maturidade seja até 2016, poderá ter a sua data de vencimento estendida.

“Com vista a cobrir o buraco de financiamento, e dado que o Eurosistema detém 28 mil milhões de euros em dívida grega cuja maturidade é atingida entre 2013 e 2016, a possibilidade de estender essas maturidades será examinada”, indica o referido documento, citado pela Reuters.

Staikouras acrescentou, de acordo com a mesma fonte, que qualquer extensão dos prazos de vencimento da dívida helénica será feita “dentro do quadro e das restrições legais do Tratado de Lisboa da União Europeia”. Até aqui, a entidade presidida por Mario Draghi (na foto) não se mostrou favorável a sofrer perdas com a dívida da Grécia.

A medida, a ser estudada pelo governo liderado por Antonis Samaras, é um outro evento ligado à dívida, depois da “maior reestruturação de dívida da história”, como lhe chama a agência Bloomberg. Os credores do país do sul da Europa tiveram de assumir uma perda de 53,5% do valor total que detinham em obrigações helénicas, de modo a reduzir o montante de dívida grega. Contudo, essa reestruturação não foi suficiente para ordenar as contas gregas.

Grécia quer ir buscar mais dinheiro aos mercados

A extensão das maturidades será uma das soluções avançadas pelo Ministério das Finanças da Grécia para cobrir um buraco financeiro que já poucos duvidam que venha mesmo a verificar-se. Christos Staikouras afirmou, no documento, que este buraco irá aumentar se o governo falhar o cumprimento das metas orçamentais definidas e se as vendas de activos estatais não alcançarem as receitas previstas. Um aviso já lançado por Christine Lagarde, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma das entidades que financia o resgate à Grécia.

Para ajudar a tapar o buraco de financiamento, há uma outra opção na mente do governo de Atenas. A de tentar emitir mais dívida em 2015 e 2016 do que a prevista no programa de resgate. O objectivo era que o país conseguisse vender 7,6 mil milhões de euros directamente nos mercados em 2015 e 3 mil milhões no ano seguinte. Antonis Samaras pretende alcançar mais dinheiro nestas operações.

Mais tempo para cumprir metas custa até 15 mil milhões de euros

Com o governo a estudar medidas, sabe-se que o buraco não será tapado, na sua totalidade, pelo pacote de austeridade que o executivo de coligação da Grécia tentou negociar durante o Verão e que está, neste momento, a tentar acordar com a troika, entidade que reúne o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.

À Reuters, o ministro das Finanças, Yannis Stournaras, estimou, depois de divulgado o documento, que uma extensão de dois anos dos prazos para o cumprimento das metas orçamentais definidas pela troika irá custar entre 13 e 15 mil milhões de euros.

Na entrevista que deu à Reuters, depois de o ministério avançar com as duas hipóteses para tapar o buraco de financiamento – prazos mais longos da dívida grega no Eurosistema (bancos centrais da Zona Euro) e mais venda de dívida no mercado primário –, Stournaras assegurou estar confiante que vai conseguir cobrir o buraco sem recorrer aos contribuintes europeus.

Greve na quarta-feira

No seu quinto ano de recessão económica, os gregos estão insatisfeitos com as actuais condições de vida. Com mais austeridade pela frente, graças ao pacote que está a ser negociado, as duas maiores centrais sindicais do país convocaram uma greve de 24 horas para quarta-feira.

Profissionais da saúde, da educação, da Segurança Social e de bancos estatais irão participar, de acordo com o “Kathimerini”, na paralisação de amanhã.

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