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FMI vê melhoria ligeira no PIB português num mundo com horizonte de crescimento anémico

Como Bruxelas, instituição espera subida de 1% no PIB, ainda distante dos 1,3% do Governo e dos 1,8% previstos recentemente pelo Banco de Portugal. Inflação, saldo externo e taxa de desemprego têm projeções agravadas.

A instituição liderada por Kristalina Georgieva mostra-se mais otimista.
Gian Ehrenzeller/EPA
11 de Abril de 2023 às 14:02
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Num cenário globalmente mais pessimista para este ano e seguintes, o Fundo Monetário Internacional (FMI) levanta esta terça-feira ligeiramente as expectativas para Portugal neste ano, com uma previsão de crescimento do PIB de 1%, acima do esperado nas últimas projeções avançadas para o país.

 

Em outubro, o FMI via a economia portuguesa crescer apenas 0,7% em termos reais. A revisão em alta acompanha aquelas que são as projeções mais recentes da Comissão Europeia para Portugal, mas, novamente, torna a ficar longe da meta do Governo, ainda nos 1,3%, e fica mais distante ainda do otimismo do Banco de Portugal, que no mês passado projetou um crescimento do PIB em 1,8% para 2023.

 

Já para o próximo ano, a instituição vê o crescimento a ir até aos 1,7%, uma décima abaixo do previsto pela Comissão Europeia (1,8%) e três décimas aquém do que espera o Banco de Portugal (2%).

 

Tanto em 2023 como em 2024, é esperado que Portugal cresça ligeiramente a acima da Zona Euro.

 

O FMI revê ligeiramente em alta o crescimento para a Zona Euro, de 0,7% nas previsões de janeiro para 0,8% nas projeções hoje divulgadas. Já para 2024, faz o oposto: a projeção de crescimento desce de 1,6% para 1,4%.

 

No espaço do euro, a Alemanha volta a conhecer uma previsão mais pessimista, agora com o FMI a antecipar uma ligeira quebra económica de 0,1% neste ano. Para França, a projeção é mantida (0,7%). Já Itália e Espanha veem melhorias no novo documento de Perspetivas Económicas Mundiais do FMI, para 0,7% e 1,5% de crescimento, respetivamente.

 

Mas, se as previsões de crescimento para Portugal são melhoradas, o FMI está mais pessimista quanto à evolução de inflação no país, com uma projeção agravada de 4,7% para 5,7%. Também no saldo da balança corrente piora expectativas, de -0,4% para -0,8%, assim como na taxa de desemprego: a previsão passa de 6,5% para 6,6%.

 

Médio-prazo já não é o que era

 

Globalmente, o crescimento mundial esperado neste ano é agora de 2,8% (2,9% na previsão de janeiro), com o FMI bastante mais pessimista quanto à evolução de médio prazo, tal como já tinha avançado no final da passada semana a diretora-executiva do Fundo, Kristalina Georgieva, ao levantar um pouco do véu sobre as projeções desta semana e sobre os temas para discussão nas reuniões de primavera que a instituição conduz esta semana em conjunto com o Banco Mundial.

 

O documento de atualização de projeções confirma agora que o fio do horizonte económico já não é o que costumava ser. O cenário-base do FMI assume que em 2024 o crescimento do PIB mundial terá uma melhoria ligeira, para 3%, mas com uma perspetiva de estagnação prolongada no ritmo de expansão global que em 2027 se traduzirá ainda em ganhos no produto de apenas 3%.

 

É o pior cenário em décadas, sublinha o FMI, depois de a economia mundial ter crescido numa média de 3,9% na primeira década deste século e de 3,7% na seguinte, até ao ano de embate da pandemia.

 

Segundo o documento, as perspetivas económicas "anémicas" refletem o aperto monetário necessário para controlar a inflação, tarefa que o FMI espera apenas que fique concluída em 2025, assim como a deterioração nas condições financeiras, a continuação da guerra na Ucrânia e uma crescente fragmentação geoconómica, que poderá aumentar tensões comerciais, reduzir investimento direto e atrasar a inovação. O abrandamento estará concentrado nas chamadas economias avançadas, que em conjunto deverão crescer apenas 1,3% neste ano.

 

Parte da descida nas expetativas de médio prazo também reflete o expectável abrandamento de economias como a da China e da Coreia do Sul, à medida que convergem com o resto do mundo.

Este é o cenário base, a contar com controlo no sistema financeiro após a queda de alguns bancos regionais norte-americanos e a crise vivida no Credit Suisse. "Abaixo da superfície, contudo, a turbulência está a formar-se, e a situação é bastante frágil, como o recente acesso de instabilidade bancária nos recordou", avisa Pierre-Olivier Gourinchas, conselheiro económico do FMI, na apresentação do documento desta terça-feira.

 

Num cenário de maior stress financeiro, o crescimento mundial não irá além de 2,5%, e o das economias avançadas ficará abaixo de 1%.

 

 

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