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FMI: "Portugal fez progressos notáveis no último ano"

Os desenvolvimentos orçamentais e bancários em Portugal e as suas repercussões nos mercados merecem nota positiva do FMI que, no entanto, avisa que persistem riscos importantes para a economia no médio prazo.

Reuters
15 de Setembro de 2017 às 10:30
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O FMI considera que o país fez "progressos notáveis" no último ano na frente orçamental, bancária e económica, mas avisa que persistem riscos significativos no médio prazo, resultantes da elevada dívida pública e da fragilidade da banca.

"Portugal fez progressos notáveis no último ano a reduzir a incerteza sobre os riscos de curto prazo" lê-se no relatório que sintetiza os resultados da análise anual à economia nacional (ao abrigo do artigo IV da instituição), que foi publicado esta sexta-feira, dia 15 de Setembro.

"O défice global caiu para 2% em 2016, reflectindo os fortes esforços de contenção de despesa [do Governo] e permitindo a Portugal sair do Procedimento dos Défices Excessivos que estava activo desde 2009. A estabilidade e a confiança no sistema bancário também melhoraram no último ano, incluindo através da recapitalização da CGD e da venda em curso do Novo Banco. Entretanto, o BCP recebeu uma grande injecção de capital e o BPI foi tomado pelo espanhol CaixaBank", sintetizam os técnicos de Washington.

Estes desenvolvimentos, escrevem, "ajudaram a impulsionar a confiança dos investidores e contribuíram para o estreitamento significativo dos "spreads" da dívida soberana desde meados de Março", o que deixa Portugal numa posição muito mais confortável que a de há um ano.

A melhor situação nacional é também estimulada pelo crescimento económico acima do esperado, o que leva o FMI a apontar para um crescimento do PIB de 2,5% este ano, e um défice orçamental que não deverá ultrapassar os 1,5%. Ambos os resultados são melhores que as metas do Governo.

Ainda assim, os técnicos do Fundo avisam que as melhorias de curto prazo, embora importantes, não devem fazer esquecer a frágil situação do país, de tal forma que os técnicos de Washington consideram que os riscos para o crescimento no longo prazo são negativos e antecipam um abrandamento do crescimento da economia para 1,2% na viragem da década.

Entre as principais ameaças está a dívida pública, que continua a ser uma das mais elevadas do mundo, num contexto de crescimento relativamente baixo. Este risco é agravado por um pico de necessidades de refinanciamento em 2021 e más notações pelas agências de risco que reflectem e contribuem para uma grande sensibilidade dos juros da dívida pública nacional a "sentimentos de mercado".

Outro importante risco emana do sistema financeiro: apesar das melhorias, a banca permanece numa posição sensível, com baixas rendibilidades (prejuízos até em 2016), carregada de crédito malparado e a enfrentar mudanças regulatórias que, a médio prazo, vão exigir mais capital. Sem uma banca saudável será difícil financiar o investimento necessário, defendem.

Finalmente, o país continua a enfrentar importantes entraves estruturais ao crescimento sustentado e inclusivo, com o FMI a destacar a rigidez e dualidade do mercado de trabalho, a baixa eficiência da Justiça e os atrasos de pagamentos pelo Estado.
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