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Fitch: “A austeridade está morta”

O responsável da Fitch pela atribuição dos ratings soberanos alerta que os políticos estão a deixar de lado o ajustamento orçamental. Mas as implicações dos elevados níveis de dívida "não podem ser ignoradas para sempre", avisa.

20 de Julho de 2017 às 13:44
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James McCormack, que dirige na agência de notação Fitch o departamento que atribui os "ratings" aos soberanos, defende que os responsáveis políticos abandonaram o debate sobre os méritos da austeridade orçamental e os perigos da dívida elevada, precisamente na altura em que deveriam estar a considerar medidas de ajustamento.

 

Num texto de opinião publicado no site Project Syndicate, McCormack sublinha, por isso, que a "austeridade está morta", e que a postura dos políticos convencionais face ao crescimento do populismo torna-os mais susceptíveis a aceitarem uma flexibilização das políticas e a ignorarem os riscos associados à subida do endividamento público.  

 

"A austeridade está morta. E enquanto os políticos convencionais continuarem a assumir uma posição defensiva perante os populistas, aceitarão, provavelmente, uma maior flexibilização das políticas orçamentais - ou pelo menos evitarão ajustamentos - para obterem ganhos económicos de curto prazo", alerta.

 

McCormack nota que, no período após a crise de 2008, os governos implementaram medidas de austeridade orçamental "quando as condições económicas cíclicas pareciam exigir uma flexibilização", e que agora há um alívio "quando as condições parecem exigir um aperto".

No texto de opinião, o responsável da Fitch avisa ainda que, em muitas economias avançadas, os níveis de dívida pública são "desconfortavelmente elevados", e por isso mesmo seria "prudente" discutir estratégias para corrigir essa situação.  

"À medida que o crescimento económico continua, pelo menos fora dos EUA, as autoridades orçamentais terão novas oportunidades para reduzir a dívida e criar espaço orçamental para medidas de estímulo quando o próximo declínio cíclico inevitavelmente chegar. Mas os responsáveis políticos não estão a fazer isso, o que sugere que priorizaram considerações políticas em vez da prudência orçamental", critica McCormack.

 

As decisões de cortar despesa e aumentar os impostos "estão a ser adiadas", mas as implicações dos elevados níveis de dívida "não podem ser ignoradas para sempre", conclui o economista.

 

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