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Financiamento para as 45 autarquias em ruptura ascende a 479 milhões de euros

O secretário-geral da Associação Nacional de Municípios (ANMP) afirmou esta tarde que serão 45 as autarquias em situação de ruptura financeira a aceder à linha de crédito do Estado para pagar dívidas. O Governo reservou-lhes quase metade das verbas.

05 de Junho de 2012 às 21:37
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Artur Trindade, em declarações à Lusa, declarou que, das 53 autarquias em ruptura, serão 45 as que se vão candidatar. Porém, ao contrário do que afirma o dirigente, as oito que ficam de fora – Alcanena, Alpiarça, Castanheira de Pêra, Fornos de Algodres, Mondim de Basto, Murça e Vouzela (à excepção de Mesão Frio) – têm dívidas de curto prazo acima de 90 dias. O que as une é o facto de o Governo não ter reservado para elas qualquer verba, caso se candidatassem à linha de financiamento.

Para as 45 autarquias com verbas garantidas, o financiamento ascende a 479 milhões de euros. A que recebe a maior fatia é Portimão, para onde deverão ser encaminhados 100 milhões de euros. Logo de seguida surge o Fundão, para onde seguirão 37 milhões de euros, e Évora, que tem “reservados” 32 milhões de euros.

De acordo com os dados recolhidos pelo Governo, apenas Mesão Frio não tem quaisquer dívidas acima de 90 dias, de entre as 53 autarquias em situação de ruptura financeira. As restantes seis têm dívidas vencidas que oscilam entre os 236 euros de Murça e os 1,18 milhões de Alcanena. O facto de estas autarquias não terem qualquer verba disponível no Programa de Apoio à Economia Local deve-se ao facto de o dinheiro chegar por outras vias.

A “verba elegível”, isto é, o montante disponível para emprestar aos municípios na linha de apoio, é encontrada subtraindo à dívida acima de 90 dias a poupança com os subsídios de férias e Natal, a verba transferida pelo Fundo de Regularização Municipal (FRM) e a redução de 10% dos pagamentos em atraso, prevista no Orçamento do Estado.

Alcanena consegue “lucro” de 70 mil euros sem ir à linha do Governo

É por isso que, por exemplo, em Alcanena, que tem uma dívida acima de um milhão de euros, a sua redução está garantida sem a linha de crédito: este município poupou 214 mil euros com os subsídios (verba que tem de usar para pagar as dívidas); vai receber 519 mil euros do FRM, um fundo da DGAL que ascende a 12 milhões de euros e que vai ser distribuído por várias câmaras para pagar dívidas; e ainda vai reduzir 521 mil euros aos seus pagamentos em atraso. Contabilizados estes três procedimentos, Alcanena garante 1,25 milhões de euros – 70 mil euros acima do que deve.

Tal como o Negócios hoje noticia, destas 53 autarquias, 19 vão aumentar o IMI para o nível máximo se se candidatarem. Murça e Vouzela – as outras duas sem IMI no máximo – não foram consideradas precisamente porque não vão receber quaisquer verbas do Governo.

O que Artur Trindade divulgou são, assim, as autarquias para quem o Governo prevê transferir dinheiro. A candidatura dessas 45 câmaras não está ainda certa – por exemplo, em Aveiro, o vereador das Finanças não a dá como líquida. “Neste momento, inclino-me para a não candidatura”, explicou ao Negócios. O assunto ainda não foi discutido em sessão de câmara, acrescentou.

Contudo, caso as 45 autarquias se candidatem todas, haverá, tal como o Negócios noticia hoje, aumentos de IMI em 19 câmaras municipais, incluindo Aveiro, Albufeira e Évora. A ANMP continua a dizer que só há seis autarquias sem IMI no máximo (sem as nomear), mas não é essa a realidade: são 21, sendo que duas delas não precisam de se candidatar à linha.

Contactado há alguns dias, Artur Trindade não esclareceu o porquê de haver esta discrepância com os dados do Governo.
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