Notícia
Ex-Governador do BdP Carlos Costa defende "pacto social" para combater inflação
Carlos Costa alertou para as consequências na economia de Portugal se a inflação não for controlada.
30 de Setembro de 2022 às 19:23
O ex-governador do Banco de Portugal (BdP) Carlos Costa defendeu esta sexta-feira ser necessário um "pacto social" em torno da "distribuição do sacrifício" para combater a inflação e alcançar a estabilidade nominal.
À margem do IV Foro de La Toja-Vínculo Atlântico, que decorre na Ilha de La Toja, em Espanha, onde participou num painel dedicado à luta contra a inflação, em declarações aos jornalistas portugueses, o economista salientou a importância de "comprometer todos os parceiros em torno de uma trajetória de preços e salários que seja compatível" com o controlo da inflação.
"Nós temos necessidade de fazer voltar a inflação aos níveis da estabilidade nominal, na ordem dos 2% e para isso há necessidade de encontrar um pacto social em torno da distribuição do sacrifício que resulta nessa estabilidade nominal, porque os bancos centrais não podem garantir por si este regresso à estabilidade nominal sem um grande custo", defendeu.
Carlos Costa alertou para as consequências na economia de Portugal se a inflação não for controlada: "O controlo da inflação, além do mais, numa economia como a portuguesa, tem uma consequência que se não acontecer, a economia perde competitividade", disse.
"E se, por um lado, nós tememos o impacto da política monetária de aumentar as taxas de juro, temos também que temer o impacto da perda de competitividade que resulta do facto de os nossos preços não serem competitivos em termos de exportações", explicou.
Por isso, defendeu, Portugal tem que "ser disciplinado".
A guerra na Ucrânia é outro desafio para os países ocidentais porque obriga a uma "ajustamento a um novo quadro geoeconómico e geopolítico".
"Durante esse ajustamento, os custos de abastecimento sobem e quando os custos sobem, é a mesma coisa que dizer que o rendimento disponível baixa", referiu, apontando uma outra consequência da guerra.
"No plano nacional, [devemos] evitar que os efeitos económicos da guerra se transfiram para o plano interno num aumento do conflito social e no aumento da insatisfação, porque então temos dois problemas, temos a guerra no exterior e a insatisfação social no interior", apontou.
Por isso, insistiu, "num período destes é muito importante que haja concertação social, que haja um contrato social e que todos pensem que se está num momento em que há que olhar para os mais frágeis e apoiar os mais frágeis, de forma que não lhes sejam exigidos sacrifícios que não podem suportar".
O antecessor de Mário Centeno na liderança do Banco de Portugal referiu ainda a importância da esperança no contexto do "pacto social" que defendeu.
"As pessoas não são incapazes de perceber, o que elas querem é perceber que o sacrifício é distribuído de igual forma por todos e que, para além de dever haver equidade quanto à distribuição do sacrifício, para além de haver um consenso, há um horizonte e uma esperança que o sacrifício de hoje tem um retorno amanhã", finalizou.
À margem do IV Foro de La Toja-Vínculo Atlântico, que decorre na Ilha de La Toja, em Espanha, onde participou num painel dedicado à luta contra a inflação, em declarações aos jornalistas portugueses, o economista salientou a importância de "comprometer todos os parceiros em torno de uma trajetória de preços e salários que seja compatível" com o controlo da inflação.
Carlos Costa alertou para as consequências na economia de Portugal se a inflação não for controlada: "O controlo da inflação, além do mais, numa economia como a portuguesa, tem uma consequência que se não acontecer, a economia perde competitividade", disse.
"E se, por um lado, nós tememos o impacto da política monetária de aumentar as taxas de juro, temos também que temer o impacto da perda de competitividade que resulta do facto de os nossos preços não serem competitivos em termos de exportações", explicou.
Por isso, defendeu, Portugal tem que "ser disciplinado".
A guerra na Ucrânia é outro desafio para os países ocidentais porque obriga a uma "ajustamento a um novo quadro geoeconómico e geopolítico".
"Durante esse ajustamento, os custos de abastecimento sobem e quando os custos sobem, é a mesma coisa que dizer que o rendimento disponível baixa", referiu, apontando uma outra consequência da guerra.
"No plano nacional, [devemos] evitar que os efeitos económicos da guerra se transfiram para o plano interno num aumento do conflito social e no aumento da insatisfação, porque então temos dois problemas, temos a guerra no exterior e a insatisfação social no interior", apontou.
Por isso, insistiu, "num período destes é muito importante que haja concertação social, que haja um contrato social e que todos pensem que se está num momento em que há que olhar para os mais frágeis e apoiar os mais frágeis, de forma que não lhes sejam exigidos sacrifícios que não podem suportar".
O antecessor de Mário Centeno na liderança do Banco de Portugal referiu ainda a importância da esperança no contexto do "pacto social" que defendeu.
"As pessoas não são incapazes de perceber, o que elas querem é perceber que o sacrifício é distribuído de igual forma por todos e que, para além de dever haver equidade quanto à distribuição do sacrifício, para além de haver um consenso, há um horizonte e uma esperança que o sacrifício de hoje tem um retorno amanhã", finalizou.