Notícia
Empresas travaram investimento na segunda metade de 2015
A incerteza externa e interna levaram os empresários a adiar decisões de investimento, diz o Banco de Portugal.
A economia portuguesa cresceu 1,5% no ano passado, acelerando de forma moderada face ao ano anterior, com o segundo semestre a perder gás. As empresas portuguesas adiaram decisões investimento na segunda parte do ano, devido à incerteza externa e interna.
A radiografia à economia portuguesa no ano passado consta do Boletim Económico que o Banco de Portugal divulgou esta quarta-feira. A economia cresceu mais 0,6 pontos percentuais do que no ano anterior, mas "a actividade económica mostrou sinais de enfraquecimento no segundo semestre, em resultado da desaceleração da Formação Bruta de Capital Fixo empresarial (FBCF) das exportações", adianta o banco.
A FBCF subiu 3,9%, um crescimento superior em 1,1 pontos percentuais ao observado em 2014, adianta a instituição liderada por Carlos Costa. "Embora tenha um peso reduzido no total, o investimento público cresceu, depois de quedas acentuadas nos quatro anos anteriores", diz o banco, acrescentando, porém, que "a FBCF empresarial diminuiu no segundo semestre".
A explicar este adiamento de decisões de investimento estão, segundo o Banco de Portugal, a incerteza externa, mas também a interna.
Conclusão: os empresários deixaram de sentir pressão para aumentarem a capacidade produtiva e adiaram investimentos.
Tal como o investimento, as restantes componentes do PIB contribuíram positivamente para o andamento da economia em 2015 face ao que se passou um ano antes.
Segundo o banco, "a consolidação da recuperação da economia portuguesa em 2015" mantém-se, com um "crescimento do PIB real idêntico ao da área do euro". Esta recuperação permitiu algumas melhorias no mercado de trabalho, embora mais acentuadas na capacidade de absorção do desemprego de curta duração do que no desemprego de longa duração.
Consolidação interrompida em 2015
O ano passado caracterizou-se em termos orçamentais por uma interrupção na consolidação iniciada em 2011, diz o banco. Este facto resultou da quebra da receita estrutural (explicada pelas receitas não fiscais). A despesa primária estrutural recuou, atingindo o nível "mais baixo desde 2013", uma diminuição que foi motivada pela redução das despesas com pessoal. O banco destaca que a dívida pública reduziu-se mas mantém-se "próxima de 130% do PIB".