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Egito quer avançar com segunda expansão do Canal do Suez
Em cima da mesa estão projetos divulgados em 2021 e que podem agora evitar os bloqueios na via que transporta 12% do comércio marítimo global.
O Egito, país onde se situa o Canal do Suez, está a estudar a viabilidade de um projeto de expansão desta via marítima. O plano foi apresentado pela primeira vez há três anos, depois do Ever Given, um cargueiro de quase 200 mil toneladas, ter encalhado na margem leste do canal durante uma tempestade de areia, encerrando parte da rota vital durante seis dias.
Agora, perante o conflito entre houthis e forças ocidentais, o país traz novamente para cima da mesa os planos de 2021. O projeto consiste em transformar os dois segmentos de faixa única (50 quilómetros no norte e 30 quilómetros no sul) em "cruzamentos de faixa dupla", revelou o chefe da Autoridade do Canal de Suez, Osama Rabie, segundo a Bloomberg.
Rabie não revelou qual seria o investimento total da expansão nem qual a data de conclusão, mas garantiu que o trânsito será "100% seguro".
As duas empresas envolvidas, a ACE Moharram-Bakhoum e Dar Al-Handasah, estão ainda a considerar possíveis parceiros. Os estudos iniciais foram concluídos e enviados ao Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, que receberá a proposta final quando estiver pronta para aprovação.
Esta não seria a primeira expansão que o Canal do Suez iria sofrer. Em agosto de 2015, o Egito inaugurou um investimento de sete mil milhões de euros na "nova" rota que permitiu a passagem de navios com maior capacidade de carga, a navegação nos dois sentidos e ainda a redução do tempo de trânsito das 18 para as 11 horas.
Na altura, Sissi disse ser um "presente do Egito para o mundo", escreveu o El País.
Receitas do canal caem para metade
Inaugurado em 1869, o Canal do Suez é uma das maiores fontes de rendimento do Egito e, até início da guerra entre Israel e o Hamas, arrecadava cerca de 646 milhões de euros por mês em taxas de trânsito.
Desde então, com o grupo houthi a impedir a passagem marítima de mercadorias pelo Mar Vermelho, as receitas têm caído a pique – em janeiro passado derraparam para os 395 milhões de euros, mais de metade em comparação com o período homólogo.
Com a instabilidade a prolongar-se, depois de um fim de semana marcado por retaliações entre os dois grupos, especialistas citados pela Reuters dizem que este risco é o "novo normal" para a indústria de transporte marítimo, que gere 80% do comércio global.
*Notícia editada por Inês Santinhos Gonçalves