A ideia de o actual presidente da Assembleia da República poder liderar o novo Governo, na sequência de uma crise política a partir da rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), foi hoje confirmada à agência Lusa pelo próprio deputado do PS de Braga.

Além de críticas à forma como o primeiro-ministro conduziu o processo de apresentação do novo PEC, Ricardo Gonçalves colocou a questão sobre o que fará o PS após a provável demissão de José Sócrates do cargo de primeiro-ministro.

"Se o Presidente da República pedir ao PS para escolher outra personalidade para um Governo de coligação, o que respondemos? Defendo que esse Governo de coligação seja liderado por Jaime Gama", afirmou.

Ricardo Gonçalves ouviu depois críticas de dirigentes socialistas como Jorge Lacão e Eduardo Cabrita, não por colocar este cenário, mas pelos reparos que fizera à actuação do Governo. Todos disseram que o momento, de iminente crise política, não era para se entrar nessa conversa.

No entanto, de acordo com vários membros da Comissão Política do PS, José Sócrates terá respondido de forma implícita ao deputado de Braga, lembrando que foi por três vezes eleito secretário-geral do PS e por duas vezes eleito primeiro-ministro.

Jaime Gama esteve ausente da reunião da Comissão Política do PS, tal como António José Seguro, de quem Ricardo Gonçalves é próximo. Ou seja, no PS, quando este partido está no poder, há historicamente uma relação directa entre os cargos de secretário-geral e de primeiro-ministro.