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Costa: "Tenho ficado chocado com a agressividade verbal" de Passos Coelho
Passos Coelho acusou António Costa de ser “golpista e fraudulento”, e o líder do PS diz-se “chocado” com as “palavras incendiárias” da coligação. “Essa não é uma linguagem própria de um primeiro-ministro”.
António Costa não tem gostado de ouvir as críticas e acusações que Passos Coelho lhe tem lançado. No debate do programa do Governo, o primeiro-ministro demissionário acusou Costa de ter "apetite pelo poder", e numa sessão da coligação, na semana passada, descreveu os socialistas como "golpistas ou fraudulentos". Costa diz que tem ficado "chocado com a agressividade verbal que tem sido utilizada".
"É um clima de crispação que não contribui em nada para o que é necessário: havendo condições, é altura de estabilizar a nossa acção no que é essencial: um governo que governe, empresários que invistam, estudantes que estudam", sublinhou Costa, na entrevista desta noite à RTP.
"Acho extremamente negativo que a coligação de direita, em vez de se conformar com o resultado das eleições", crie "uma crispação artificial". Comentando as palavras utilizadas por Passos Coelho para se referir a si próprio, acusando-o de ser golpista, Costa diz que "não é uma linguagem própria de um primeiro-ministro nem uma linguagem saudável em democracia".
É "absolutamente lamentável que o Governo, e em particular o primeiro-ministro e a ministra das Finanças, se permitam fazer os discursos públicos que têm feito", tal como aconteceu "no debate do programa de Governo". "São muito imprudentes relativamente ao esforço que todos temos de fazer para ser reforçada a confiança", assinalou Costa.
Passos e Maria Luís "incendiários"
Aliás, Costa diz que Wolfgang Schäuble tem sido mais moderado do que os próprios governantes portugueses. "Choca-me ver o ministro das Finanças alemão a dar uma mensagem mais tranquilizadora do que as palavras incendiárias que o primeiro-ministro e a ministra das Finanças têm produzido", criticou.
E deixou um conselho à direita. "Todos os agentes políticos têm o dever de ter serenidade, sangue frio, de respeitarem a vontade dos portugueses e conformarem-se com a nova maioria que existe na Assembleia da República".
Isto porque, na Assembleia da República, "os deputados que lá estão resultam do voto dos portugueses. Do seu voto [dirigindo-se ao jornalista], do meu voto. Todos os votos são iguais. E os deputados são diferentes pelas ideias que defendem mas são todos iguais na sua legitimidade", rematou.