Notícia
Costa volta a pedir "consenso tão alargado quanto possível"
A propósito da versão final da Visão Estratégica produzida pelo consultor Costa Silva e que contou com mais de mil contributos públicos, o primeiro-ministro voltou a apelar a um "consenso tão alargado quanto possível" para construir o país durante os próximos 10 anos.
Depois de, no debate do Estado da Nação, ter sugerido a reedição de a geringonça (agora incluindo o PAN) para uma assegurar a estabilidade de que o país precisa neste contexto de crise económica e social, o primeiro-ministro volta agora a insistir que é preciso "procurar assentar num amplo consenso nacional" aquilo que será o projeto de transformação do país nos próximos 10 anos, projeto esse que será maioritariamente financiado por dinheiros europeus, mas também pelos orçamentos do Estado, e que se estende por três legislaturas.
Portugal poderá vir a receber 57,9 mil milhões de euros de apoios europeus no âmbito do plano de recuperação da União Europeia, que inclui o Próxima Geração UE, o próximo orçamento comunitário de longo prazo e ainda a afetação dos fundos ainda por usar do atual quadro comunitário.
Antes, o líder do PS havia sinalizado que o grande desafio passa agora por "transformar essa visão [proposta por Costa Silva] em instrumentos de política concreta" e "priorizar a utilização desses recursos" após uma análise dos meios que estarão à disposição.
Deste modo, António Costa adiantou que irá desde já iniciar a auscultação a partidos e parceiros sociais por forma a que o documento relativo ao Programa de Recuperação e Resiliência entre em "marcha acelerada" para que o primeiro esboço possa ser enviado para a Comissão Europeia no próximo dia 15 de outubro. De acordo com o enquadramento definido por Bruxelas, o Programa de Recuperação e Resiliência terá de servir para reforçar a resiliência do país, acelerar as transições digital e climática e ainda fazer cumprir as recomendações específicas por país feitas pela Comissão Europeia para os anos de 2019 e 2020 (e que no caso de Portugal incluem, por exemplo, como notou António Costa, "a reforma das profissões reguladas e o combate à precariedade no trabalho").
Costa apontou depois os três fatores fundamentais para "reforçar a resiliência de Portugal": Responder a várias das nossas vulnerabilidade ao nível social, e que ficaram ainda mais expostas com a crise pandémica; aumentar o potencial produtivo do país (problema que explica a divergência face à União Europeia até 2017); e melhorar a forma como é gerido o território nacional, respondendo ao duplo desafio de o tornar externamente competitivo e internamente coeso.
Os critérios que vão definir as escolas
De seguida, o primeiro-ministro elencou os quatro critérios que estarão na base das escolhas a fazer no âmbito deste programa de recuperação.
António Costa não terminou sem agradecer o trabalho desenvolvido pelo consultor Costa Silva, que apresentou uma "visão arejada" e com "mundivisão" e que constitui um bom ponto de partida para "arrancar com o trabalho". "O desafio agora é nosso mas a gratidão é nossa para consigo", acrescentou Costa lembrando que, "ao lançar este desafio a um engenheiro que é poeta" pôde agora receber um projeto com o "rigor da engenharia e a imaginação da poesia".
"Agora é o trabalho de um jurista que é governante" e o primeiro passo passa por estabelecer um "contrato de confiança para execução desta visão", disse Costa no arranque do discurso, porém com palavras que serviriam perfeitamente para a conclusão do mesmo.
(Notícia atualizada)