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Costa segura ministra e pede consenso na reforma da floresta
O primeiro-ministro manteve a indisponibilidade para demitir a ministra Constança Urbano de Sousa e repetiu a intenção do Governo em adoptar as sugestões da comissão de peritos, pedindo um “consenso alargado” para concluir a reforma da floresta já iniciada.
Os mais de 500 fogos do último domingo, os pelo menos 36 mortos causados e os vários incêndios que ontem ainda lavravam no Norte e Centro do país à hora de fecho desta edição, obrigaram novamente António Costa a vir a terreiro. Tal como depois de Pedrógão, o primeiro-ministro rejeitou demitir Constança Urbano de Sousa. "É tempo de decisões, não de demissões", afirmou o líder do Governo, ao mesmo tempo que prometeu acção. "É tempo de passar das palavras aos actos", disse.
No entender do primeiro-ministro há boas soluções que foram trazidas para cima da mesa pela Comissão Técnica Independente, nomeada pela Assembleia da República, e cujas conclusões arrasam a actuação das entidades responsáveis tanto ao nível da prevenção como do combate aos incêndios, assim como a respectiva articulação.
Nesse sentido, confirmou que o Conselho de Ministros extraordinário – que já estava agendado para o próximo sábado, antes ainda dos incêndios deste domingo e de segunda-feira – servirá para "adoptar as medidas que se impõem", desde logo as sugestões dos peritos. E para concretizar a reforma da floresta, Costa pede "um consenso alargado em torno das decisões a tomar", no âmbito da reforma da floresta iniciada pelo Governo.
Ao início da tarde desta segunda-feira, a Presidência da República publicou uma nota onde Marcelo Rebelo de Sousa "reafirma a urgência de agir" e onde o chefe de Estado avisa que está a preparar uma comunicação ao país para depois da estabilização dos incêndios que ontem continuavam a assolar as regiões norte e centro do país.
Relatório da comissão técnica elogiado
Foi já a meio da tarde que viria a ser conhecida a informação de que o primeiro-ministro falaria ao país às 20 horas. Antes, os sinais vindos do Governo já apontavam todos num sentido. A ministra da Administração Interna não seria demitida em plena crise e o Governo prepara-se para fazer uma reforma dos sistemas de prevenção e combate aos fogos, a par da reforma da floresta.
"Há que passar das palavras aos actos", disse António Costa na madrugada de domingo, quando os incêndios já tinham provocado cinco mortos, número confirmado pelo próprio primeiro-ministro. Ontem voltou a repetir esta ideia. O líder do Executivo elogiou o relatório da comissão técnica independente que analisou os incêndios de Pedrógão Grande.
Mas Costa rejeitou que a saída da ministra fosse uma solução, argumentando que seria "um bocado infantil" demitir Constança Urbano de Sousa. Mais: Costa sinalizou que a governante ficaria para "fazer aquilo que falta fazer".
Os partidos repetiram reacções idênticas às que tiveram na sequência da tragédia de Pedrógão. O PSD lamentou as falhas do Estado, o CDS também acusou as autoridades de "falhar clamorosamente" e pediu uma audiência a Marcelo. O PCP reivindicou uma mudança de políticas, mas rejeitou pedir a saída de Constança Urbano de Sousa.
Na mesma linha, o Bloco de Esquerda sustentou que "ninguém quer uma demissão de uma ministra no meio de um combate ao fogo", deixando eventuais demissões para depois de "acabar este ciclo de combate".