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CML enviou dados pessoais de 52 manifestações às embaixadas desde 2018. Responsável de RGPD vai ser exonerado
Entre 2012 e 2021, foram feitas 180 comunicações de manifestação junto a embaixadas. Em algumas situações, "a comunicação da existência de manifestação foi não só remetida à embaixada junto à qual se iria realizar a manifestação, mas também àquelas relacionadas com o objeto da mesma", diz Fernando Medina.
A Câmara Municipal de Lisboa apresentou esta sexta-feira os resultados da auditoria pedida por Fernando Medina aos procedimentos adotados nos últimos anos, entre 2012 e 2021, sobre o tratamento dos dados pessoais dos manifestantes que organizaram protestos nos últimos anos, na capital.
Entre 2012 e 2021, foram feitas 180 comunicações de manifestação junto às embaixadas. A partir de 2018, ano da entrada do regulamento da proteção de dados, foram enviadas 58 comunicações às embaixadas - em 52 foram enviados dados pessoais. Em algumas situações, "a comunicação da existência de manifestação foi não só remetida à embaixada junto à qual se iria realizar a manifestação, mas também àquelas relacionadas com o objeto da mesma", disse Fernando Medina.
No final da conferência, Fernando Medina disse que pretende adotar um conjunto de cinco medidas, sendo uma delas a extinção do Gabinete de Apoio à Presidência e a criação de uma divisão de expediente. Além disso, a CML vai exonerar o encarregado de proteção de dados (RGPD) e quer entrar em contacto com cada um dos organizadores de todas as manifestações cujos dados pessoais foram enviados às embaixadas.
A auditoria foi pedida por Medina na passada sexta-feira, depois de ter sido noticiada a partilha indevida de dados pessoais de três ativistas russos. Esta análise teve em conta todos os procedimentos adotados em manifestações que aconteceram nos últimos anos.
Em causa está o alegado envio para as autoridades russas de dados pessoais e contactos de três ativistas russos que organizaram um protesto pela libertação de Alexey Navalny, junto à embaixada da Rússia em Lisboa. As três pessoas já anunciaram que vão avançar com uma queixa contra a Câmara Municipal de Lisboa.
O caso não passou ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiu ser uma situação "lamentável". "Realmente é lamentável que isso tenha acontecido, e percebo o pedido de desculpa do senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa. O que ele disse é, no fundo, aquilo que todos os responsáveis sentem, que não devia acontecer, não devia ter acontecido e espera-se que não volte a acontecer", disse o Presidente da República.