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“Cerca de meia centena” de unidades de saúde familiar vão poder pagar mais, diz ministro
Com 1,3 milhões de utentes sem médico de família, o Governo prevê mais unidades de saúde familiar com remunerações mais altas e também um novo modelo para recrutar, em que as equipas concorrem juntas.
Vai continuar a haver carência de especialistas em medicina geral e familiar, admite o ministro da Saúde, Manuel Pizarro. Mas, em 2023, o Governo pretende avançar com novas medidas para reduzir o número de 1,3 milhões de pessoas sem acesso a médico de família, incluindo a passagem de até 50 unidades para modelos com remunerações mais altas para atrair profissionais.
Em entrevista ao Negócio e Antena 1, no programa Conversa Capital, o ministro avança que em 2023 "cerca de meia centena" de unidades de saúde familiar (USF) reunirão condições para passar a modelo B, no qual a remuneração das equipas está ligada à melhoria de desempenho no acesso a cuidados pelas populações.
Mas, "um número exato depende da própria dinâmica dos profissionais, porque as unidades de saúde familiar resultam da iniciativa dos profissionais. Não são uma imposição", ressalva.
Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve serão regiões prioritárias para resolver a falta de equipas de saúde familiar, com planos próprios para tal. Para a Grande Lisboa, o ministro deu conta já no Parlamento da intenção de abrir 200 vagas para médicos de medicina geral e familiar.
Para o conjunto do país, diz ao Negócios e à Antena 1, a intenção é a de "contratar nunca menos do que os números dos últimos anos, entre 400 e 500, no próximo ano e nos próximos".
Ao mesmo tempo, Manuel Pizarro espera que o nível de aposentação dos especialistas se mantenha. Neste ano, 1200 médicos do SNS estarão em condições para se reformarem, mas menos de metade o farão, diz.
O ministro antecipa também novas mudanças nos incentivos à fixação de médicos nas zonas mais carenciadas. "Não poderemos resolver todos os problemas, não vou alimentar essa ilusão. Mas podemos melhorar, por exemplo, facilitando que em vez de concorrerem individualmente os jovens médicos possam desde logo concorrer em equipa e formar desde logo uma unidade de saúde familiar".