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Bundesbank alerta: Governos devem reduzir endividamento após esta crise
O líder do Bundesban diz que os governos não podem olhar a gastos para combater esta pandemia, mas alerta que é necessário que os governos se concentrem em diminuir os endividamentos quando a crise acabar.
17 de Abril de 2020 às 15:58
O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, elogiou os governos da zona euro pelos gastos "significativos e impressionantes" na batalha contra o coronavírus, mas alertou que os países têm de apertar os orçamentos assim que a emergência passar.
Weidmann, cuja candidatura à presidência do Banco Central Europeu no ano passado foi prejudicada por preocupações sobre a sua postura financeira conservadora, que poderia ser incapaz de combater crises, disse numa entrevista por e-mail à Bloomberg que a economia precisará de um amplo apoio por algum tempo. Ele também argumentou que a "pandemia mostra claramente a importância de uma política orçamental sólida".
"Uma postura orçamental extremamente expansionista não pode ser sustentada permanentemente", disse o líder do Bundesbank, acrescentando que "no futuro, todos os países terão de se concentrar em reduzir os índices de endividamento muito altos e fazer isso de maneira compatível com as nossas regras orçamentais."
Os comentários atingem o foco do debate sobre como a Europa deve lidar com as consequências do coronavírus. Os governos do bloco destinaram centenas de biliões de euros para apoiar pequenas empresas e compensar os salários perdidos.
Nações como a Alemanha e os Países Baixos rejeitaram ferramentas conjuntas, como os coronabonds, e concentraram-se em disponibilizar empréstimos para países mais atingidos, como Itália e Espanha. Já muito endividados, esses países mediterrâneos temem um aperto de austeridade se depois forem pressionados a reduzir o endividamento.
E os investidores refletem as suas preocupações. O "spread" entre as "yields" italianas e espanholas em comparação com as alemães aumentou, relembrando a crise da dívida de 2012.
"Ainda não é possível dizer com certeza se as medidas adotadas até o momento serão suficientes", disse Weidmann, de 51 anos, que faz parte do Conselho de Governadores do BCE.
O BCE prometeu comprar mais de 1 bilião de euros em dívida pública e privada neste ano e está a oferecer dinheiro quase ilimitado aos bancos para garantir que continuem a canalizar crédito para empresas e famílias.
Os confinamentos para enfrentar a pandemia atingiram o continente com a pior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial. Agora, o Fundo Monetário Internacional prevê uma contração económica anual de 7,5% para a zona euro.
Isso pressupõe que a pandemia desapareça no segundo semestre e as medidas de contenção possam ser gradualmente revertidas, um cenário que Weidmann descreveu como "plausível".