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BCE fará tudo para apoiar a Zona Euro, mas urge mais cooperação internacional
A presidente do Banco Central Europeu disse que a instituição está disposta a fazer tudo o que for necessário para ajudar os países da União Europeia a ultrapassarem esta crise. Contudo, diz ser necessária mais cooperação em todo o mundo.
"O Conselho está compenetrado em fazer tudo o que for necessário no seu mandato para ajudar a Zona Euro a ultrapassar esta crise", disse Lagarde ao Comité Monetário e Financeiro Internacional, do Fundo Monetário Internacional (FMI), acrescentando que "está totalmente preparado para aumentar o tamanho do seu programa de compra de ativos e ajustar a sua composição, tanto quanto necessário e pelo tempo que for necessário".
Em tempo de pandemia, a ordem do FMI é para gastar, mas sempre sem perder a "responsabilidade" e a "transparência". No Fiscal Monitor, um relatório do Fundo Monetário Internacional publicado ontem sobre a política orçamental, os peritos internacionais defendem que os Estados podem fazer muito pelos seus cidadãos e empresas nesta crise. Devem canalizar verbas para a saúde, apoiar as famílias e as empresas, e preparar a retoma. Mas não devem perder a noção de que se trata de gastar muito dinheiro.
"Os governos têm de fazer o que for preciso. Mas precisam de garantir que guardam os recibos", lê-se no artigo publicado ontem por Vítor Gaspar (na foto), diretor do FMI para os Assuntos Económicos, e pelos economistas seniores do seu departamento, W. Raphael Lam, e Mehdi Raissi, no Blog do FMI. O artigo sumariza a mensagem principal do Fundo no que diz respeito à política orçamental, durante e depois da pandemia de covid-19.
Como resposta ao impacto da pandemia na saúde económica da Europa, o BCE deixou de aplicar o limite auto-imposto à compra de dívida pública dos países que integram a Zona Euro, elevando assim o nível de resposta à crise causada pela pandemia do novo coronavírus, complementando o novo programa de compra de ativos num valor de até 750 mil milhões de euros, anunciado a 18 de março, o chamado Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), que serve apenas para financiar despesas dos países da moeda única relativos à pandemia. Este PEPP corre em paralelo ao programa de compra de ativos em vigor ("Quantitative Easing").
Ainda assim, o trunfo idealizado por Mario Draghi na crise de 2012, as Transações Monetárias Definitivas (OMT, na sigla em inglês), ficaram na gaveta.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, já repetiu o discurso da cooperação entre países por diversas vezes, tendo-o feito pela última vez na semana passada, quando apelou aos Estados europeus para estarem "lado a lado" na resposta com medidas orçamentais à crise causada pela pandemia de covid-19, numa altura em que há divergências.
"É vital que a resposta orçamental a esta crise seja suficientemente forte em toda a Zona Euro. Os governos devem estar lado a lado para aplicarem em conjunto políticas adequadas a um choque comum pelo qual ninguém é responsável", escreveu Lagarde, num artigo de opinião divulgado pelo jornal Le Monde e citado pela AFP.
Também na semana passada, a instituição europeia aprovou um conjunto de medidas que reduzem os critérios usados para avaliar as garantias de capital dos bancos, o que se traduz numa flexibilização das regras de acesso aos respetivos programas. Em comunicado publicado no site da instituição chefiada por Christine Lagarde surge a informação de que o conselho de governadores do BCE sinaliza ter adotado um conjunto sem precedentes de medidas temporárias para "mitigar a contração das condições financeiras na Zona Euro".