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Bombeiros pedem suspensão da entrega de bens solidários
O presidente da Associação de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande apelou este sábado, 24 de Junho, para que as pessoas suspendam por "alguns dias" a entrega de ajuda.
"É um sufoco. É muita coisa. São toneladas e toneladas de roupa, de sapatos", notou o presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Carlos David, pedindo à população para suspender por alguns dias a entrega de ajuda na sequência dos incêndios que provocaram a morte a 64 pessoas.
Segundo Carlos David, a ajuda recebida no quartel dos bombeiros é "demasiada" para esta fase, sendo que, face à quantidade de apoio recebido, ainda não foi possível organizar a operação.
"Não estamos a fazer a triagem, a seleccionar a roupa, que tem de se catalogar. Quanto mais chega, menos tempo" há para a selecção, frisou, pedindo às pessoas para deixarem os bombeiros organizarem-se.
"Deixem-nos respirar e organizar. Queremos organizar bem e servir a população, mas temos que ter aqui alguma disciplina. O apoio foi do tamanho do mundo e nós somos pequeninos. Não temos dimensão para isso", disse à agência Lusa Carlos David.
De acordo com o presidente da associação de bombeiros, há pequenos armazéns que estão a ser utilizados para armazenar a ajuda recebido, sendo que há instalações em "stand by" para o caso de ser necessário utilizá-las.
Carlos David sublinhou que os bombeiros têm também levado a ajuda a outras corporações e postos de apoio, visto que, neste momento, "não há barreiras, não há concelhos, é toda uma região".
A ajuda, frisou, "está a chegar às juntas" e as juntas estão a distribuir no terreno, vincando que, caso alguém não esteja a receber ajuda, apenas precisa de avisar os bombeiros.
Hoje, por exemplo, dois camiões TIR com donativos recolhidos no Alto Minho e na Galiza partiram, de manhã, do quartel dos bombeiros municipais de Viana do Castelo, com destino a Pedrógão Grande, para apoiar as vítimas dos incêndios.
Em declarações à agência Lusa, o Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS), Marco Domingues explicou que um dos veículos transporta donativos recolhidos pelos bombeiros voluntários de Valença, "mais de 50% disponibilizados pela população da Galiza".
"Houve uma adesão enorme da população galega o que nos deixa muito satisfeito. Toda a gente colaborou. Desde pequenos a grandes empresários, pessoas individuais a instituições. É uma lista enorme. É uma operação transfronteiriça que excedeu muito as expectativas", disse, destacando a solidariedade da transportadora João Pires que manifestou "toda a disponibilidade", cedendo os dois veículos pesados para transporte dos bens.
Mobiliário, roupa de todo o tipo, brinquedos, utensílios domésticos, medicamentos, rações para animais foram concentrados nos últimos dias em dois pontos de recolha. Um em Viana do Castelo, no quartel dos bombeiros municipais e o outro nos bombeiros voluntários de Valença.
"O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viana do Castelo percebeu que havia muitas associações implicadas neste projecto, desde a Cáritas Diocesana, a agrupamentos de escuteiros e que isso ia gerar um problema logístico. Decidimos agarrar a operação e coordenar o transporte".
Dois grandes incêndios, que provocaram a morte a 64 pessoas e ferimentos a mais de 200, deflagraram no dia 17 na região Centro, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.