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Bloco defende subida de salários e pensões e acusa Governo de ser “o advogado da Galp ou do Pingo Doce”

A líder do partido alertou para a subida dos preços e apontou que "não há nenhum imposto sobre lucros excessivos em Portugal, e é por isso que as empresas têm tido lucros excessivos".

Manuel de Almeida / Lusa
01 de Outubro de 2022 às 13:42
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O BE quis hoje "fazer um desenho para ver se o Governo percebe" que os bens essenciais estão mais caros, utilizando para isso carrinhos de compras cada vez mais vazios, e defendeu a subida de salários e pensões.

 

O partido organizou hoje ações em vários pontos do país com o mote "combater a inflação", uma das quais em Lisboa, junto a um supermercado Pingo Doce, na qual participou a coordenadora, Catarina Martins.

 

Foram colocados três carrinhos de compras à porta da loja, para representar o que era possível comprar em 2020 (o carrinho mais cheio), em 2021 (um pouco mais vazio) e este ano (ainda mais vazio). Atrás desses carrinhos, uma faixa onde se lia "demais é demais"; "taxar lucros abusivos, controlar preços, aumentar salários".

 

A líder do Bloco de Esquerda distribuiu panfletos em forma de jornal e falou com algumas pessoas que ora se preparavam para entrar na loja, ora já vinham com sacos de compras na mão, e ouviu alguns testemunhos que dava conta de que os preços dos artigos estão "cada vez mais altos" e alguns bens já nem são trazidos para casa porque "mesmo em promoção, ainda são caros".

 

"Nós temos ouvido o Governo dizer que não pode aumentar salários e pensões por causa do risco da inflação, então decidimos fazer um desenho para ver se o Governo percebe. É que inflação nós já temos, aliás a maior dos últimos 30 anos, e os salários e as pensões não aumentaram", afirmou Catarina Martins em declarações aos jornalistas.

 

A coordenadora do Bloco apontou que "no carrinho de supermercado vem cada vez menos, e é por isso que é cada vez mais difícil chegar ao fim do mês".

 

"E esperamos que este desenho sirva para explicar que demais é demais, é mesmo altura de subir salários, de subir pensões, de impor controlo de preços e de taxar os lucros excessivos", defendeu, considerando que "o que não tem credibilidade é dizer-se que a inflação aumenta se aumentarmos salários e pensões, porque como sabe toda a gente que vive do seu salário, da sua pensão, os preços aumentaram, os salários e as pensões é que não".

 

Catarina Martins defendeu que são necessárias "medidas já, antes do Orçamento do Estado para 2023", sustentando que "o mês de outubro que vai começar agora, é o mês de todos os aumentos, é o mês em que tanta gente terá aumentos da prestação da casa, é o mês em que vai aumentar o preço da energia".

 

E alertou que "o perigo é não aumentar salários e pensões e é não controlar preços", indicando que isso já foi feito na pandemia.

 

"Para não deixar que as máscaras fossem vendidas a preços absurdos havia um máximo que se podia cobrar. Já fizemos antes, podemos fazer, e há outros países que estão a estudar cabazes com preços máximos", afirmou.

 

A líder do BE apontou também que, "se não foram nem os salários nem as pensões que provocaram a inflação e se os preços estão a crescer como nunca, também não esquecemos que estão a crescer como nunca os lucros, nomeadamente da grande distribuição".

 

"Hoje estamos em todo o país, aqui em Lisboa à frente do Pingo Doce que, só no primeiro semestre deste ano, apresentou mais 261 milhões de euros em lucros, mas isto é também assim no Continente, por exemplo", indicou Catarina Martins, criticando que o "Governo tem feito tudo para não fazer nada" e "deixa andar".

 

E apontou que "não há nenhum imposto sobre lucros excessivos em Portugal, e é por isso que as empresas têm tido lucros excessivos", acusando o Governo de se comportar quase como "o advogado da Galp ou o advogado do Pingo Doce".

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