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BCE sugere juros mais altos caso haja pressões inflacionistas
O Banco Central Europeu poderá reagir com uma política monetária mais restritiva, caso verifiquem pressões anormais sobre a inflação decorrentes do aumento dos preços do petróleo, afirmou hoje o Governador do Banco de Portugal e membro do Conselho de Gove
O Banco Central Europeu poderá reagir com uma política monetária mais restritiva, caso verifiquem pressões anormais sobre a inflação decorrentes do aumento dos preços do petróleo, afirmou hoje o Governador do Banco de Portugal e membro do Conselho de Governadores do BCE.
«Nós tínhamos anunciado nos nossos textos que nestes meses teríamos uma inflação verificada um pouco superior, em resultado automático do aumento dos preços de bens energéticos nos últimos meses. Era esperado e não constitui surpresa. Até agora, não temos dados efectivos que mostrem que este aumento está a ter efeitos de segunda ordem, nomeadamente no crescimento dos custos salariais ou de outros preços na economia», começou por afirmar o governador do banco central, hoje, à margem do 1º Congresso dos Economistas, no Porto.
«A ser assim, poderia conduzir a que este aumento da inflação registada nestes meses seja uma situação temporária, embora um temporário que dura há algum tempo. É algo em que estamos muito atentos, visto que a política monetária tem que reagir no caso de se verificar que, em concreto, na prática, começar a existir efeitos de repercussão sobre outros preços e custos do aumento dos preços da energia», ressalvou Vítor Constâncio.
Segundo o Governador do Banco de Portugal, «o aumento do preço dos petróleos significa um ‘imposto’ lançado sobre as nossas economias, nos países importadores de petróleo – um ‘imposto’ que tem que ser pago por todos os rendimentos, visto que é uma transferência que tem de ser feita para o exterior, para os países produtores de petróleo, e não pode haver uma compensação parcelar desse imposto indirecto que nos é lançado do exterior», considerou.
Constâncio considera que este «imposto» tem que «ser partilhado por todos e, portanto, não deve dar origem a reivindicações compensatórias desses aumentos, porque isso lançaria uma espiral de aumento de preços e custos e a uma situação inflacionista».
Nessa situação, garantiu, «a política monetária não teria outra solução que não fosse responder no sentido mais restritivo e isso não é o que os agentes económicos verdadeiramente desejam», alertou.
Isto porque, explicou o governador do banco central, «nós temos conseguido assegurar taxas de juro que são as mais baixas das últimas décadas, estabilizar a expectativa das pessoas sobre a inflação futura e isso tem assegurado que a economia, os consumidores, as empresas, têm beneficiado de taxas de juro de médio e longo prazo de valor muito reduzido, o que nos tem permitido fazer as nossas despesas e ter acesso a bens de consumo duradouro, habitação, automóveis e outros, a uma escala como nunca tinha sido possível anteriormente», concluiu.