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BCE avisa que é "ilegal" reestruturar a dívida grega detida pelo banco central

Benoit Coeure alerta que banco central não pode reestruturar a dívida por si detida, pois isto é contrário aos tratados europeus. Os mercados dão tréguas à Grécia: a bolsa de Atenas sobe e os juros da dívida descem.

Bloomberg
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Depois da reacção adversa dos mercados, à convocação de eleições legislativas antecipadas, os investidores aliviam a pressão sobre a Grécia. No mercado de capitais, a bolsa de Atenas lidera as subidas na Europa e valoriza 2,86%, após três sessões em queda.

 

Já no mercado de obrigações soberanas, a dívida recua nas diversas maturidades pelo segundo dia. A três anos, recua 71,7 pontos base para 13,234%. A cinco, desce 21,9 pontos para 11,517%. A dez anos, perde 12,5 pontos para 10,000%.

 

O alívio dos mercados acontece no mesmo dia em que Benoit Coeure do Banco Central Europeu (BCE) rejeitou a reestruturação da dívida grega detida pela instituição.

 

"É ilegal e contrário ao tratado reestruturar a dívida de um país que é detida pelo banco central. Os tratados europeus são muito claros sobre isto", disse o membro da comissão executiva em entrevista ao canal France 24, citado pela Reuters.

 

Uma vitória do Syriza nas eleições gregas, e uma possível reacção negativa por parte dos mercados, não é razão suficiente para o BCE aprovar a compra de dívida pública na sua próxima reunião, a 22 de Janeiro.

 

"Não existe ligação. As decisões de política monetária do BCE são para toda a Zona Euro e a Grécia é uma parte muito pequena do euro. Portanto, são duas discussões diferentes", afirmou o francês, sublinhando que o BCE está a "seguir de perto os acontecimentos na Grécia".

 

Ao mesmo tempo, rejeitou uma saída da Grécia da moeda única, dando a garantia de que, em Frankfurt, "ninguém está a trabalhar numa saída" de Atenas, também conhecida por "Grexit".

 

"A Grécia está na Zona Euro, a Grécia precisa do euro e a Europa precisa da Grécia. Eu penso que existe um esforço muito grande por parte das autoridades políticas europeias para preservar toda a Zona Euro", disse. 

 

Em 2011, os credores privados da Grécia - como bancos ou seguradoras - aceitaram um 'haircut' de 50% sobre a dívida por si detida. No total, 200 mil milhões de euros de dívida foram reestruturados.

 

Os credores oficiais detinham ainda 150 mil milhões de euros em dívida grega, incluindo o Banco Central Europeu (BCE) ou o Fundo Monetário Internacional (FMI). E é precisamente com estes credores que o Syriza, de extrema-esquerda e que lidera as sondagens, quer se sentar à mesa para negociar uma nova reestruturação.

 

Antonis Samaras promete aliviar austeridade

 

Entretanto, prossegue a campanha eleitoral na Grécia. Antonis Samaras prometeu ontem no norte do país reduzir a carga de austeridade sobre os gregos se for novamente eleito.

 

"É exactamente devido ao facto de termos colocado um fim aos défices e arrumado o sector público que podemos dar aumentos e reduzir os impostos, aliviamdo a carga sobre as pessoas", disse o primeiro-ministro citado pelo Kathimerini.

 

O político conservador alertou os gregos para os riscos da Grécia entrar em confronto com os seus credores, o que poderá levar o país a perder "35 mil milhões de euros" em empréstimos e financiamentos.

 

O Syriza, acusou, "contou mentiras a todos. É por isso que a nossa verdade e responsabilidade os assusta". Ao mesmo tempo, o Nova Democracia anunciou uma renovação dos seus deputados. Dos 410 candidatos parlamentares, 215 são caras novas.

 

 

Movimento internacional de apoio ao Syriza conta com portugueses

Para fazer face às pressões, vinda do interior e exterior da Grécia, que clamam contra os perigos que a eventual eleição do Syriza pode representar para a Grécia, e também para a Europa, surgiu um manifesto internacional de apoio ao partido liderado por Alexis Tsipras.

 

Intitulado de "Solidariedade com o povo grego", o texto de apoio ao Syriza, que conta com a subscrição de personalidades como Sérgio Godinho, Francisco Louça, José Luís Peixoto, Helena Roseta, Alfredo Barroso ou Pilar del Rio e ainda figuras como Jean Ziegler e  Giorgio Agamben, "as ameaças e a pressão" sobre o povo helénico "são inaceitáveis".

 

Este manifesto, que assume o mote de "mudar a Grécia, mudar a Europa, mudança para todos", sustenta que só a vitória do Syriza nas eleições de 25 de Janeiro que pode "mudar a Europa e o seu rumo". E em solidariedade com a Grécia garante que "defenderemos o direito do povo grego de tomar as suas decisões livremente".

 

Decisões que podem significar uma mudança para a Europa porque "uma vitória do Syriza permitiria à Grécia sair da presente situação de catástrofe, mas representaria também um início de mudança na Europa".

 

"Solidarizamo-nos com o povo grego porque a sua luta é a nossa também", conclui o texto de apresentação do manifesto.

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