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ACNUR diz que terá morrido meio milhar de migrantes em naufrágio na semana passada

Segundo o ACNUR o naufrágio de uma embarcação de pesca ao largo do mar líbio terá provocado a morte por afogamento a cerca de 500 migrantes. Na segunda-feira morreram cerca de 400 migrantes ao largo do mar egípcio.  

Refugiados: O êxodo de refugiados que atravessaram o Mediterrâneo em busca de salvação, rumo às costas de Itália e da Grécia, e que logo se tornou muito mais vasta, abrangendo outras vias terrestres (a começar pela Turquia), foi pautado pelo ritmo de mortes em naufrágios no mar que separa a África da Europa.
20 de Abril de 2016 às 14:40
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O Guardian revela esta quarta-feira, 20 de Abril, que o naufrágio de uma embarcação de pesca sobrelotada ao largo do mar da Líbia terá provocado a morte por afogamento a cerca de 500 migrantes de origem africana que pretendiam chegar à ilha italiana de Lampedusa.

 

O jornal britânico refere que a informação foi avançada por sobreviventes deste evento que terão entretanto informado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A confirmar-se este incidente, tratar-se-á do mais mortífero naufrágio registado nos últimos meses no Mediterrâneo.

 

Se de facto tiverem morrido cerca de meio milhar de migrantes na semana passada ao largo do mar líbio, faria com que o número de mortes no Mediterrâneo em 2016 subisse para mais de mil, mais de um quarto de total de mortes registadas em 2015.

Segundo os sobreviventes agora citados pelo Guardian, o acidente aconteceu em pleno alto-mar numa altura em que os traficantes pretendiam transferir parte dos migrantes que seguiam na pequena embarcação sobrelotada para um barco de maiores dimensões.

Contudo, também a embarcação maior terá ficado sobrecarregada com a entrada de mais migrantes, acabando por se afundar. Entre os 41 sobreviventes do acidente, contam-se migrantes que se encontravam ainda na pequena embarcação e que esperavam ainda a "transferência" para o barco maior. Entre os sobreviventes há cidadãos da Somália, do Sudão, da Etiópia e do Egipto.

 

O ACNUR acrescenta que os sobreviventes terão sido deixados pelos traficantes à deriva em alto-mar depois do naufrágio da maior embarcação, tendo depois sido salvos por um navio de mercadorias no dia 16 de Abril e levados para a Grécia. Não há porém certezas quanto à data do incidente.

 

Apesar de terem sido levados para solo grego, estes migrantes não poderão ser deportados para a Turquia no âmbito do acordo em vigor que foi assinado entre Bruxelas e Ancara para a gestão e controlo do fluxo de refugiados que chegam à Grécia vindos de território turco. Isto porque estes migrantes africanos partiram rumo à Europa da costa da Líbia, um país que vive actualmente sem um poder político efectivo.

 

O Guardian sustenta que este incidente mostra a fragilidade e insuficiência do acordo União Europeia (UE)- Turquia no que à limitação da crise migratória diz respeito, mostrando que a chegada de requerentes de asilo à Europa continuará a verificar-se, com maior ou menor intensidade, a partir de outros países que não necessariamente a Turquia.

 

O vazio de poder na Líbia, país onde é crescente, por exemplo, a influência do autoproclamado Estado Islâmico, é um factor há muito aproveitado por redes de traficantes para transportarem migrantes para a Europa, em especial para Lampedusa.

 

Por norma os migrantes que tentam chegar à Europa partindo da Líbia são originários da África Subsariana, embora os especialistas alertem que os entraves à rota dos Balcãs faça com que cada vez mais requerentes de asilo de países do Médio Oriente, como a Síria e o Iraque, por exemplo, se encaminhem para a Líbia.

 

Em 2014 mais de 170 mil migrantes chegaram a solo europeu vindos da Líbia sendo que no ano passado pelo menos 150 mil migrantes tentaram cumprir a mesma rota mediterrânica. E em 2016, segundo dados da Organização Internacional das Migrações (OIM), praticamente 25 mil migrantes chegaram à Europa vindos da Líbia. Em 17 de Abril, refere a OIM, contabilizavam-se em 356 o número de mortes ao largo do mar líbio.

 

Em comunicado, a ACNUR insta a Europa a assegurar "cada vez mais percursos regulares para a admissão de refugiados e requerentes de asilo".

 

Semana negra no Mediterrâneo

 

A notícia hoje avançada pelo Guardian segue-se ao naufrágio de pequenas embarcações que, na passada segunda-feira, ao largo do mar líbio, provocou a morte a cerca de 400 migrantes, maioritariamente de nacionalidade somali.

 

O acidente desta segunda-feira sucedeu precisamente um ano depois da tragédia que há um ano provocou a morte de 800 pessoas num naufrágio que aconteceu também ao largo do mar da Líbia, incidente esse que provocou consternação geral e serviu para que a Europa assumisse em definitivo a discussão do problema.

 

No entanto, a "acção conjunta" adoptada pela UE no seguimento desse incidente em Abril de 2015 acabou por perder força com a incidência do principal foco de preocupação nas ilhas gregas, e que em Março levou Bruxelas a estabelecer o referido acordo com a Turquia. 

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