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Depois de anos de "festa", a "ressaca". Fecho de startups dispara nos EUA
Apesar dos milhares de milhões de dólares de capital de risco investidos em startups à boleia do frenesim da inteligência artificial, tem-se assistido a um ajustamento que levou ao aumento de startups falidas nos Estados Unidos.
O número de startups que fracassaram aumentou mais de 60% no ano passado nos Estados Unidos, com os fundadores a ficarem sem o capital angariado nos anos do "boom" tecnológico de 2021-2022, colocando em risco milhões de empregos em empresas apoiadas por capital de risco e ameaçando gerar repercussões na economia em geral.
Segundo o Financial Times (FT), que cita dados da Carta, que fornece serviços a empresas privadas, o fecho de startups disparou, apesar dos milhares de milhões de dólares de capital de risco investidos em startups à boleia do frenesim da inteligência artificial.
Os colapsos fazem parte de um ajustamento desencadeado pela subida das taxas de juros, em 2022. O investimento de "venture capital" em empresas em fase inicial caiu a pique, enquanto a dívida diminuiu na sequência do colapso do Silicon Valley Bank (SVB), deixando muitas startups "encalhadas".
Nos anos de "boom", os fundos de capital de risco encorajariam os fundadores a fazer maiores investimentos, inflacionando avaliações, refere Healy Jones, vice-presidente da Kruze Consulting, que presta serviços de contabilidade a centenas de startups apoiadas por capital de risco, em declarações ao FT. Só que, agora, acrescenta, enfrentam a "ressaca" desses tempos.
O salto das falências deve-se ao facto de "um número anormalmente elevado de empresas ter levantado uma quantidade anormalmente elevada de dinheiro durante 2021-2022", apontaram analistas do Morgan Stanley, numa nota recente aos clientes.
As empresas apoiadas por capital de risco empregam 4 milhões de pessoas nos Estados Unidos, segundo o banco de investimento, criando-se por isso "riscos de contágio ao resto da economia" caso o aumento de falências não diminua.
Peter Walker, responsável da Carta, indicou ao mesmo jornal que tem havido uma "enorme queda" no número de empresas capazes de voltar a angariar dinheiro dois anos volvidos da sua última ronda de financiamento.
De acordo com a mesma entidade, 254 dos seus clientes apoiados por fundos de capital de risco faliram no primeiro trimestre do ano, com a taxa de falências a ser hoje mais de sete vezes maior do que quando a Carta começou a rastrear as bancarrotas em 2019.