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Álvaro Santos Pereira defende linha de transporte de mercadorias em vez de TGV

Em entrevista ao "El País", Álvaro Santos Pereira, actual ministro da Economia, mostrou-se surpreendido com a escolha de Pedro Passos Coelho quando o convidou para ministro, dizendo que apenas tinham falado "duas ou três vezes". Quando aceitou o convite abandonou o Canadá e a universidade onde dava aulas, para agarrar o país.

25 de Julho de 2011 às 13:52
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Álvaro Santos Pereira passou a ministro da Economia sem aviso prévio, quando nem o mesmo esperava tal convite.

Foi inesperadamente que ficou responsável por um ministério que concentra as competências que até agora estavam repartidas em três departamentos, nomeadamente Obras Públicas, Trabalho e Segurança Social.

Do ministério da Economia dependem inúmeras empresas estatais com participação estatal, a reavaliação de um grande número de obras públicas, entre elas o TGV Lisboa-Madrid, a drástica redução de organismo e instituições públicas, e a reforma do mercado de trabalho, com um índice de desemprego de alcança já 12,4%.

“Temos de nos comportar como se fosse a nossa casa, sem gastar desnecessariamente”

Em entrevista ao “El País”, o ministro refere que são tempos de poupar. “Nos primeiros dias estava sempre a apagar luzes. Não havia nenhuma consciência do dinheiro que se gasta desnecessariamente em ar condicionado, luzes. Comecei a instaurar um espírito e um sentimento de rigor”, revelou Álvaro Pereira.

“Temos de nos comportar como se fosse a nossa casa, sem gastar desnecessariamente”, acrescentou o ministro. Esta cultura de rigor começou a traduzir-se em manter os equipamentos de ar condicionado a 25 graus, menos luzes acesas, diminuir o uso dos carros oficiais aos fins-de-semana e reduzir o número de assessores.

Há muito tempo que Santos Pereira defendia um corte de 5 a 10% nos consumos intermédios, nas aquisições e nas compras de bens e serviços do Estado.

“Sinceramente, a única grande surpresa que tive quando cheguei ao ministério foi comprovar que em alguns consumos intermédios podemos ir mais além desta percentagem”, adiantou Santos Pereira.

Garantiu que o que o preocupa não é a imagem mas sim “manter um ministério eficaz”. “A filosofia deste governo é que não é aceitável que sejam sempre os mesmo a pagar a crise. O Estado tem que dar o exemplo. Eu vou dar o exemplo, e o ministério da Economia dará o exemplo de grande rigor e sacrifício. Vamos demonstrar em pouco tempo que a falta de rigor acabou”.

Relativamente às medidas adoptadas até agora, Santos Pereira referiu que queria “manter o suspense”, mas que tinham cortado muito nos gastos.

“Queremos recolocar as pessoas. O nosso gabinete tem menos assessores e adjuntos que o governo anterior, apesar de ter um ministério bastante grande. A nossa filosofia é contratar pessoas altamente eficientes e competentes, e reduzir os gastos. Dou um exemplo: tenho um secretário de Estado que perde 100 mil euros por ano, e está a trabalhar comigo. Está aqui porque acredita neste projecto.”

Numa das paredes do escritório do ministro pode observar-se um calendário detalhado, semana a semana, das medidas que o governo tem que aplicar para cumprir o programa de ajuste acordado com as entidades internacionais.

Ao pé de cada medida está um adesivo roxo ou verde. A revisão de todos os grandes projectos de obras públicas poderá significar a perda de fundos comunitários e abrir caminho a disputas entre governos e empresas. É o caso do comboio de alta velocidade, TGV, entre Lisboa e Madrid, em que Portugal se comprometeu com Espanha nas duas últimas cimeiras bilaterais.

Perante a questão do “El País” sobre se não seria irresponsável anunciar a suspensão de um projecto já acordado entre os dois países, Álvaro Santos Pereira respondeu que irresponsável seria fazer um projecto com premissas “totalmente fora da realidade”.

“É não ter respeito pelo dinheiro dos contribuintes. Neste momento suspendemos o projecto para o reavaliar, e foi isso que foi dito ao ministro Blanco [ministro do Fomento espanhol]”, revelou o ministro da Economia português.

Questionado sobre se acreditava que era necessário um TGV entre Lisboa e Madrid, Álvaro Santos Pereira disse que acreditava que era muito importante que Portugal e Espanha se empenhassem num projecto que era “fundamental para os dois países”, e que esse projecto era a criação de uma linha de mercadorias transfronteiriça que ligasse os dois países à Europa.

Relativamente ao governo espanhol ser um grande defensor do comboio de alta velocidade, Santos Pereira reiterou que a sua posição era muito clara. “Sou um defensor de uma linha de mercadorias que torne as nossas exportações mais competitivas”, concluiu.

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