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BdP revê crescimento em alta para 6,8%, mas com economia a arrefecer para 1,5% em 2023

Consumo, que mais tem puxado pelo PIB, só deve aumentar 2,1% até 2025.

O BdP liderado por Mário Centeno, a Associação Portuguesa de Bancos e o Governo estão a desenhar a solução para subida das taxas de esforço.
Sérgio Lemos
16 de Dezembro de 2022 às 11:24
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O Banco de Portugal (BdP) prevê para o próximo ano um forte arrefecimento da economia, com o consumo privado a praticamente estagnar em 2023, e a crescer apenas 1% em média em todo o período até 2025.

Para 2023, está previsto um crescimento de 1,5%, segundo as novas projeções do boletim económico de final de ano, apresentadas nesta sexta-feira pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.

Segundo o governador, estas são previsões que assumem crescimentos muito baixos nos trimestres da primeira metade do ano (sem entrada em recessão), e uma melhoria na segunda metade do ano que vive da expectativa de um alívio das restrições de oferta a nível internacional, de redução dos impactos da guerra na Ucrânia. "O ciclo de subidas de taxas de juro, entretanto, há de terminar", juntou.

 

A estimativa de crescimento para 2022 é revista em alta, para 6,8%, mas com esta evolução – apoiada pelo crescimento de 2021 e do primeiro trimestre deste ano - a não determinar ganhos significativos no próximo ano. O efeito de carry-over – de contribuição do crescimento de 2022 para o 2023 – será de 0,6 pontos percentuais (foi de 3,9 p.p. na transição de 2021 para 2022).

 

Em 2023, o consumo privado, que mais tem sustentado o crescimento apesar da erosão do poder de compra das famílias, deverá praticamente estagnar, com as projeções a apontarem para uma variação de apenas 0,2%. A o longo de todo o horizonte de projeção, até 2025, a subida será de apenas 2,1%.

 

Segundo o BdP, "o aumento muito reduzido do consumo privado está associado à menor almofada financeira das famílias, ao aumento do serviço da dívida e à baixa confiança dos consumidores. A redução adicional da taxa de poupança contribui para conter a desaceleração do consumo privado".

O crescimento estará mais dependente do investimento, que deverá acelerar de 1,3% para 2,9% no próximo ano, e das exportações, que "continuarão a ter um contributo positivo, mais equilibrado do que temos observado", segundo Centeno, a antecipar mais peso das vendas de bens ao exterior e ganhos de quota na balança onde tem tido mais força até aqui a exportação de serviços.

Para 2023, é projetada uma subida de 3,5% nas exportações de bens (6,3% em 2022), aumentando em média 4,1% até 2025.

Já o consumo público, e pese embora a prevista aceleração na execução dos projetos do Plano de Recuperação e Resiliência, deverá  desacelerar gradualmente após uma subida de 2% em 2022.

 

Para os valores apresentados hoje, o modelo do Banco de Portugal não teve, efetivamente, em conta as decisões de política monetária do Banco Central Europeu, mas segundo Mário Centeno a subida de 50 pontos base nas taxas de juro já estava descontada pelos mercados e assumida nos cálculos.

 

"Era exatamente aquela que estava prevista pelos mercados. Nesta dimensão, não houve surpresa", referiu o governador na conferência de imprensa de apresentação das projeções.

 

Mais incertas são as projeções do BCE, que agora veem inflação acima dos objetivos de médio prazo até 2025, elevando o perfil da trajetória de desinflação, e com o banco de Frankfurt a continuar a não oferecer orientações futuras sobre a ação da política monetária.

 

"A previsibilidade da política monetária vai-se ganhar no momento em que a trajetória de inflação se inverter", referiu Centeno, mantendo-se ainda a incerteza sobre onde se encontrará o pico, ou o ponto de inflexão, e qual o valor de taxas a que se chegará até esse ponto. Já as taxas para onde o BCE se deverá encaminhar, futuramente, após concluir o trabalho de controlo da estabilidade de preços e rondarão os 2%, segundo o governador português.

 

Para Portugal, o BdP antecipa agora uma inflação em 5,8% no próximo ano, de 3,3% em 2024 e ainda de 2,1% em 2025. A estimativa para este ano é de 8,1%.

 

 

 

(Em atualização)

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