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Ricardo Araújo Pereira: Reacções ao livro de Henrique Raposo são "inadmissíveis"
Ricardo Araújo Pereira foi um dos presentes na apresentação do livro de Henrique Raposo, "Alentejo Prometido". O humorista não deixou de criticar a "liberdade de expressão condicionada".
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"Se a liberdade de expressão é só para pessoas que dizem coisas que não ofendem ninguém, eu agradeço a liberdade de expressão mas não preciso dela. Era o que faltava", comentou ao Negócios o humorista Ricardo Araújo Pereira, presente na cerimónia de lançamento do livro "Alentejo Prometido" de Henrique Raposo.
Ricardo Araújo Pereira confessou não conhecer o autor, mas fez questão de marcar a sua presença, apresentando-se como defensor da "liberdade de expressão sem mas", de uma liberdade sem condições ou excepções à religião ou futebol. O humorista comentou ainda que "hoje em dia as pessoas ofendem-se tendencialmente com mais coisas".
"Há um clima geral em que as pessoas acham que o facto de se terem ofendido com um determinado discurso é um motivo para calar esse discurso. Isso parece-me uma regressão comparativamente a direitos que nós já tínhamos", resumiu.
"Dizer uma coisa ofensiva é legítimo e há uma resposta a isso que é legítima que é dizer outra coisa ofensiva". Por oposição, disse, "há várias ilegítimas" e exemplifica: "queimar livros, tentar impedir lançamentos, ameaçar fisicamente", aludindo às ameaças dirigidas ao autor do livro "Alentejo Prometido" e que considera "inadmissíveis". O humorista apelou ainda a que se abandone "o hábito de responder a comentários ofensivos com apelos a queimas de livros".
Apesar das ameaças mais violentas, a cerimónia de apresentação decorreu de uma forma calma sendo que a única fuga ao programa aconteceu quando cerca de uma dúzia de alentejanos se levantaram e começaram a cantar em forma de protesto, abandonando a sala de uma forma pacífica e por opção, sem ter sido necessária a intervenção das forças de segurança presentes.
Entre familiares e amigos, a apresentação do livro contou com a presença de figuras como Pedro Boucherie Mendes, anfitrião do programa Irritações que lançou a polémica à volta do livro, bem como de Francisco Pedro Balsemão, presidente do grupo Impresa, Pedro Mexia e Carla Quevedo.