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Worldcoin integra novo sistema de proteção de dados "para aliviar preocupações" da CNPD
No final de março, a Comissão Nacional de Proteção de Dados suspendeu em Portugal a recolha de dados biométricos da íris realizada pela Worldcoin Foundation. A empresa que trata da parte operacional do projeto salienta que a decisão de integrar um novo sistema de proteção de dados "é um passo importante, e tem como objetivo aliviar as preocupações da CNPD".
A Worldcoin Foundation anunciou esta quarta-feira a integração de um novo sistema de computação multipartidária (SMPC) no projeto Worldcoin, de forma a fazer frente às preocupações da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e outras entidades com este pelouro, informou a empresa em comunicado.
"Este sistema, disponível agora em código aberto no repositório Github para utilização indiscriminada para todas as organizações, visa estabelecer um novo padrão na área de proteção de dados, incluindo os dados biométricos", pode ler-se na nota de imprensa, que acrescenta que depois "da migração dos códigos de íris para SMPC, o sistema anterior de verificação de singularidade, incluindo os códigos de íris, foi eliminado de forma segura".
No final de março, a CNPD ordenou a suspensão no território nacional, da recolha de dados biométricos da íris realizada pela Worldcoin Foundation, "com vista a salvaguardar o direito fundamental à proteção de dados pessoais, em especial dos menores". Em troca, os participantes deste projeto recebiam criptomoedas, de forma a tornarem-se uma espécie de "acionistas" do projeto.
Esta decisão deve vigorar pelo período de 90 dias, até a CNPD concluir o processo de "averiguação e emitir decisão final" sobre a atividade da empresa.
No comunicado, Ricardo Macieira, diretor regional para a Europa da Tools for Humanity – a empresa responsável pela parte operacional do projeto Worldcoin – salienta que este "novo sistema deve ser visto como um sinal de abertura para colaborar com a CNPD".
"O novo sistema de proteção de modelos biométricos da Worldcoin é um passo importante, e tem como objetivo aliviar as preocupações da CNPD e de outras autoridades de proteção de dados, incluindo a BayLDA, a Worldcoin Foundation e a Autoridade de Supervisão Principal da TFH ao abrigo do mecanismo ‘one-stop-shop’ do RGPD", o regulamento geral da proteção de dados, acrescenta Ricardo Macieira.
A Worldcoin explica que este novo sistema "permite pegar num ‘segredo’ e partilhar entre diferentes partes para aumentar a proteção de dados", sendo que nenhuma das partes individuais irá revelar informação sobre o segredo original, tornando assim impossível decifrar o conteúdo e sendo eficaz mesmo contra computação quântica".
Ainda assim, este sistema nunca foi aplicado aos dados biométricos, sendo por isso a primeira vez. Além disso, o SMPC "consome muitos recursos para serem efetivamente utilizados em sistemas mais complexos". No entanto, apesar destas potenciais desvantagens a escolha da Worldcoin deveu-se ao facto de existirem "tanto especialistas de privacidade como de segurança [que] têm estudado a tecnologia".
Depois de ser capturada a íris, a World App é o principal local para as pessoas guardarem o seu World ID, um passaporte humano para a Internet que preserva a privacidade e permite que uma pessoa verifique a sua humanidade quando utiliza um website ou aplicação sem revelar a sua identidade.
A aplicação tem atualmente mais de 350 mil utilizadores ativos diários e mais de um milhão de utilizadores ativos semanais. Por mês, o número de utilizadores ativos ultrapassa os 1,7 milhões em todo o mundo.
Atualmente, a Worldcoin está presente em nove países do globo (o que não significa que esteja a operar efetivamente), três deles na Europa: Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, Japão, México, Portugal, Coreia do Sul e Singapura.
(Notícia atualizada às 15:07 horas).