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Desconfinamento à vista. Conheça os sete critérios para controlar a epidemia

Os especialistas apresentaram um conjunto de indicadores e linhas vermelhas para ajudar o Governo a decidir a abertura ou fecho da economia. Baltazar Nunes prevê condições para alívio a 15 de março, com reabertura de creches e escolas primárias.

José Sena Goulão
08 de Março de 2021 às 12:32
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Baltazar Nunes, epidemiologista do Instituto Ricardo Jorge, apresentou esta segunda-feira, 8 de março, na reunião do Infarmed, o quadro de indicadores que "precisam de ser monitorizados para assegurar que a pandemia está controlada" em Portugal.

 

O porta-voz do grupo de peritos frisou que os objetivos desta estratégia são controlar a transmissão na comunidade e nos grupos de risco; assegurar a sustentabilidade e a qualidade da resposta dos serviços para doentes covid e de outras patologias; e também minimizar o impacto social e económico das medidas restritivas.

 

1 - Incidência acumulada a 14 dias.

Objetivo é que a taxa de incidência acumulada esteja abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes para assegurar uma maior eficiência do rastreio de contactos e um menor impacto sobre os serviços de saúde. O limite a evitar são 240 casos por 100 mil, a partir do qual começa a haver pressão sobre os serviços e perturbação da sociedade.

 

2 - Rt menor do que 1 ou próximo de 1.

Se estiver próximo de 1 é necessário que a incidência esteja abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes, ou seja, pode estar constante mas com um número baixo de novos casos diários.

 

3 - Impacto nos serviços de saúde.

Taxa de ocupação de camas em unidades cuidados intensivos ser inferior a 85% da capacidade que foi aberta após março de 2020 (equivalente a 255 camas). Isso significa que a capacidade pré- pandemia se mantém disponível para outras patologias que já necessitavam de cuidados.

 

4 - Testagem.

Assegurar que a percentagem de casos positivos se encontra abaixo dos 4%. Quando isso não se verificado, há uma maior probabilidade de casos não identificados na comunidade.

 

5 - Atraso entre diagnóstico laboratorial e notificação.

Apenas 10% dos casos devem ocorrer com um período de mais de 24h. Quando mais tarde for feita a notificação, mais tarde são identificados os contactos e há mais transmissões na comunidade.

 

6 - Isolamento precoce e rastreio de contactos.

Assegurar que 90% dos casos têm isolamento em 24h e rastreio de contactos nesse mesmo período. Se for observado um valor superior a 10% deve ser acionado rapidamente o reforço dos recursos humanos já treinados para escalar a resposta.

 

7 - Vigilância das variantes mais transmissíveis.

Podem traduzir-se numa doença mais grave e em fugas ao sistema imunitário que reduzam a efetividade das vacinas ou aumentem a possibilidade de reinfeções.

 

 

Baltazar Nunes detalhou que os três primeiros são os principais indicadores, devendo "olhar-se primeiro" para os que estão relacionados com o controlo da incidência e com a velocidade da transmissão, uma vez que são aqueles em que "há informação mais atualizada e porque estão a montante de tudo o que vem a seguir".

 

Condições para desconfinar a 15 de março

 

Depois de apresentar aos políticos uma matriz para acompanhamento destes vários indicadores, o porta-voz dos peritos resumiu que, "olhando à situação atual" a nível nacional - e apesar de a região de Lisboa estar pior do que no resto do território -, estando o país muito perto dos 120 casos por 100 mil habitantes e com um Rt sempre abaixo de 1, resulta ainda desse quadro "uma situação de manutenção de medidas, por enquanto".

 

No entanto, "olhando para o futuro", a tendência é decrescente. "A 15 de março já estaremos provavelmente perto dos 60 casos por 100 mil habitatens e muito perto da taxa de ocupação desejada para as unidades de cuidados intensivos. Quando aos indicadores secundários, que são muito relevantes, [estima-se] uma taxa de positivos de 3,3%, a percentagem de casos e contactos isolados  em 24h em cerca de 100%, o atraso nas notificações perto de 10% e um aumento no aparecimento e propagação de novas variantes", resumiu.

 

Baltazar Nunes informou ainda que toda esta informação vai passar a ser emitida periodicamente, num documento de avaliação de risco que "deverá ser público". E além da informação quantativa, haverá também uma interpretação qualitativa para ajudar e apoiar a comunicação de risco e a tomada de decisão pelo atores políticos".

 

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