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Marta Temido: “Não podemos perder de vista as ameaças”

A ministra da Saúde pôs água na fervura no que toca ao plano de desconfinamento que será aprovado esta semana, apontando quatro motivos para o Governo manter as cautelas quanto à evolução da pandemia.

José Sena Goulão
08 de Março de 2021 às 14:25
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Marta Temido aconselhou os portugueses a "não [perder] de vista as ameaças" que o país "continua a enfrentar" devido à pandemia de covid-19, recusando antecipar o plano de desconfinamento que será aprovado esta semana em Conselho de Ministros.

 

No final da reunião do Infarmed, a ministra da Saúde destacou que, apesar da "tendência decrescente" no número de novos casos, de óbitos e de internamentos em enfermaria e em cuidados intensivos, há outros indicadores menos positivos que devem merecer a atenção dos decisores políticos.

 

Mesmo sendo o mais baixo na União Europeia, a subida do risco de transmissão (Rt) em Portugal desde meados de fevereiro "é um sinal ao qual temos de estar atentos", tal como o facto de "o contexto europeu estar em contraciclo com o português" e isso aumentar os riscos para o país.

 

A circulação de variantes mais infecciosas é outro problema apontado pela governante. Ainda que não se tenham confirmado as piores expectativas desenhadas no início do ano, a variante do Reino Unido representa atualmente 65% dos casos positivos em Portugal.

 

Finalmente, Marta Temido sublinhou que o índice de confinamento tem vindo a reduzir-se desde há várias semanas, apesar da manutenção das medidas legais em vigor. "Em concreto, registámos os números mais altos de adesão às medidas na última semana de janeiro e desde então tem havido uma maior mobilidade da população", acrescentou.

 

Frisando que nenhum dos especialistas apontou "datas específicas, mas níveis específicos de atuação", como os sete critérios para controlar a pandemia, a ministra disse que a informação partilhada pelos peritos vai agora ser discutida com os partidos políticos e com os parceiros sociais e que "as decisões serão comunicadas" apenas após a reunião do Executivo agendada para quinta-feira, 11 de março.



No Twitter, o primeiro-ministro, António Costa, agradeceu o trabalho feito pelos especialistas, falando num "conjunto de critérios e uma base científica mais sólida que permitirá mapear decisões para o desconfinamento e para a monitorização futura" da pandemia.

PSD pressiona reabertura por regiões

 

Parceiro privilegiado do Governo na aprovação das medidas de combate à pandemia, o PSD vê "hoje a possibilidade de se abrir um pouco a sociedade" e só lamenta que o plano de desconfinamento não esteja a ser "discutido com mais tempo", dado que, se houver alterações no dia 15, como a abertura das creches, "as partes afetadas só terão três ou quatro dias para se preparar".

 

Depois de ouvir os especialistas no Infarmed, o deputado Ricardo Batista Leite ficou mais convencido de que, seja para confinar ou para desconfinar, a opção deve ser avançar de forma diferente por regiões para "não prejudicar partes do território que estão bem por causa de outras que estão menos bem".

 

"Se a opção for começar a abrir paulatinamente, até numa lógica de balão de ensaio, defendemos que deve ser [feito] com base em indicadores claros e numa base regional", insistiu o parlamentar social-democrata, alertando igualmente que os portugueses devem passar a Páscoa apenas com o seu agregado familiar e que não deve ser permitida a movimentação entre concelhos.

 

Se a opção for começar a abrir paulatinamente, até numa lógica de balão de ensaio, defendemos que deve ser [feito] numa base regional. Ricardo Batista Leite, deputado do PSD



Dado o crescimento de 20% da variante inglesa na última semana, o PSD quer que o Governo pondere o controlo dos voos provenientes de países de risco. Por outro lado, o partido liderado por Rui Rio defende apoios específicos para os setores da restauração e da hotelaria – "são sempre os primeiros a fechar e os últimos a abrir, e precisam de ajuda hoje" – e também que todos os portugueses possam fazer todas as semanas, de forma gratuita, um teste de rastreio à covid-19.


Ainda à direita, o deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, criticou que o plano de desconfinamento esteja a ser preparado "em cima do joelho", enquanto o líder do Chega, André Ventura, lamentou que Portugal esteja com um Rt mais baixo da União Europeia por ter "fechado tudo" e ter seguido "o caminho mais penoso para os negócios, as pessoas e as famílias".

Deve ser um "desconfinamento cauteloso e rigoroso para não se perder todo o trabalho que fizemos até agora. Maria Antónia de Almeida Santos, deputada do PS



Pela voz de Maria Antónia de Almeida Santos, o PS referiu no Parlamento que é preciso "começar a retomar alguma atividade", mas alertou também que deve ser um "desconfinamento cauteloso e rigoroso para não se perder todo o trabalho que fizemos até agora no controlo da pandemia".



(Notícia atualizada às 15h com as reações dos partidos)

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