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UTAO: PIB cresce 1,4% com contas do Governo
Técnicos do Parlamento duvidam que meta do Executivo para o crescimento da economia se concretize e aumentam pressão para revisão em baixa das previsões.
A economia deverá crescer apenas 1,4% este ano se se verificarem os pressupostos usados pelo Ministério das Finanças para elaborar a previsão de crescimento do PIB para este ano.
Os cálculos da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) constam da nota de informação técnica onde os especialistas, que prestam apoio aos deputados, analisam os resultados da execução orçamental referente aos primeiros quatro meses do ano.
No relatório, a que o Negócios teve acesso, a UTAO parte dos números mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a evolução do PIB no primeiro trimestre e faz as contas ao crescimento para o resto do ano.
"Tendo em conta a divulgação da estimativa das contas nacionais sobre o primeiro trimestre de 2016 pelo INE de um crescimento em cadeia de 0,2%, verifica-se que para obter um crescimento de 1,8% do PIB em 2016 será necessário que a variação média em cadeia dos trimestres seguintes seja aproximadamente de 0,9%", escrevem os técnicos do Parlamento.
No Orçamento do Estado para 2016 e no Programa de Estabilidade, o Governo fixou uma meta de crescimento económico de 1,8% para este ano.
Segundo as contas dos técnicos, a previsão de um crescimento do PIB de 0,9% em cada um dos trimestres é "mais exigente" do que a que esteve na base das contas tanto do Orçamento como do Programa de Estabilidade, que foi enviado para Bruxelas em Abril.
Usando a projecção mais recente do Governo – a do Programa de Estabilidade que pressupunha um crescimento médio em cadeia de 0,6% - "estima-se que o crescimento anual do PIB em 2016 seja de 1,4%", diz a UTAO. Este cálculo mantém a dinâmica intra-anual de crescimento prevista pelo Ministério das Finanças.
A estimativa dos técnicos do Parlamento vem assim engrossar as dúvidas em torno das previsões de crescimento económico do Governo para este ano. O Governo tem mostrado resistências em rever previsões, mas tanto o Presidente da República como o próprio PS já admitem (e desdramatizam) a necessidade de um Orçamento Rectificativo para corrigir as metas do Executivo para este ano. No Executivo, Outubro é o mês considerado ideal para reavaliar as previsões.