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Taxas de juro altas podem ficar mais tempo do que o previsto, avisa BIS

O Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) prevê que o esforço final para que os bancos centrais atinjam a estabilidade de preços será a mais difícil e pede que os governos façam a sua parte na política orçamental.

Reuters
25 de Junho de 2023 às 14:27
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O cenário traçado pelo Banco de Pagamentos Internacionais (BIS, na sigla inglesa), é pouco animador com vários avisos aos bancos centrais e aos governos de todo o mundo. "A economia global atingiu um momento crítico e perigoso", refere a instituição sediada em Basileia, apontando uma "combinação assustadora de desafios".

O quadro é descrito no relatório económico anual do BIS divulgado este domingo, 25 de junho, apontando uma "constelação" de problemas que a economia mundial enfrenta, a começar pela inflação, que poderá durar mais tempo do que o previsto com as taxas de juros a ficarem mais elevadas por um período mais dilatado.

"Os ganhos obtidos até agora na luta contra a inflação devem-se muito ao alívio nas cadeias de abastecimento e à queda dos preços das commodities", começa por referir a instituição considerada o banco central dos bancos centrais. O problema, continua, é que o mercado de trabalho "continua muito apertado" e a aceleração dos preços dos serviços "tem-se mostrado mais difícil de conter".

Assim, existe um "risco material" de se instalar o que chama de "psicologia inflacionista" em que a "subida de salários e preços começam se reforçar-se mutuamente." Daí que conclua que as taxas de juros podem precisar de permanecer mais elevadas por mais tempo do que esperado".



"Por um lado", refere o BIS, "as vulnerabilidades financeiras são generalizadas: os níveis de endividamento – privado e público – são historicamente elevados; os preços dos ativos, especialmente os dos imóveis, estão elevados; e a assunção de riscos nos mercados financeiros aconteceu durante a fase em que as taxas de juros permaneceram historicamente baixas por um tempo muito longo."

Os avisos da instituição sediada em Basileia, na Suíça, surgem na véspera do arranque do Fórum do Banco Central Europeu, esta segunda-feira, dia 26 de junho, em Sintra, precisamente para discutir as formas de combater a inflação recuperando a estabilidade de preços, ou seja, uma taxa próxima dos 2%.

O papel dos governos

Mas o Banco de Pagamentos Internacionais frisa que esta tarefa não é apenas para os bancos centrais de todo o mundo. Para o BIS, os governos têm um importante papel a desempenhar retirando os apoios à economia que ainda estão em vigor para fazer face ao aumento do custo de vida que se intensificou com a invasão russa da Ucrânia.

O problema, refere, é que os apoios à economia podem ter o efeito contrário ao que se pretende com a política monetária, entrando numa nova espiral inflacionista. Por isso defende uma consolidação orçamental através de mais impostos ou corte na despesa pública.

"Através da consolidação [orçamental], ajudaria a reduzir a pressão sobre a procura agregada e a inflação" e daria algum espaço para futura gestão de uma crise. Além disso, "reduziria a necessidade de a política monetária manter as taxas de juros mais altas por mais tempo, reduzindo assim o risco de instabilidade financeira", com a instituição a lembrar as recentes crises no sistema bancário nos Estados Unidos com a falência de bancos e na Europa com a queda do Credit Suisse.

Para o BIS, a possibilidade de uma crise financeira é significativa dado ao aumento das taxas de juro que podem colocar dificuldades à banca como se viu recentemente com o SVB e outros bancos regionais nos EUA, mas também a crise no fundo de pensões no Reino Unido.

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