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Se petróleo aumentar 20%, economia portuguesa trava

Entre os principais riscos identificados pelo Programa de Estabilidade está a evolução do preço do petróleo nos mercados internacionais. No documento, o Governo escreve que um aumento que ultrapasse em 20% o cenário desenhado terá como consequência uma contracção da economia. Os gráficos parecem mostrar outra realidade.

Bloomberg
21 de Abril de 2016 às 21:43
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(Notícia corrigida e actualizada com a informação expressa nos gráficos do Programa de Estabilidade, que apresenta diferenças face aquilo que está no texto. O texto do documento refere uma quebra do PIB, enquanto os gráficos apontam para um crescimento mais baixo. Em função disso, o título do artigo foi alterado. O original era "Se petróleo aumentar 20%, Portugal volta a entrar em recessão.")

Esse cenário é assumido pelo próprio Governo no Programa de Estabilidade, onde são analisados dois riscos externos: o aumento de 20% do preço do petróleo e uma diminuição de dois pontos percentuais da procura externa.

Em relação à primeira, os técnicos do Ministério das Finanças são claros: "No caso do aumento do preço do petróleo a simulação revela uma quebra do PIB real no primeiro ano", estimam. "Adicionalmente, assiste-se a um aumento dos preços no consumidor."

Como Portugal é altamente dependente das importações de combustíveis, um agravamento do preço do crude teria um impacto negativo no saldo da balança corrente, assim como um aumento do preço dos bens energéticos. No que diz respeito ao emprego, o impacto é menor devido a "efeitos desfasados da actividade económica no emprego".

No entanto, analisando os gráficos em baixo, parece haver uma discrepância entre aquilo que é dito no texto e o que fica expresso nos gráficos. Em vez de uma "quebra" no PIB, como refere o texto, os gráficos parecem mostrar um crescimento mais baixo do PIB. Ou seja, em vez de uma contracção estaríamos a falar de uma desaceleração. 

O Programa de Estabilidade assume que o petróleo cairá em 2016 para os 42 dólares o barril, como um novo recuo em 2017 para os 41,2. Segue-se uma subida para 44,9 dólares e mantém-se nesse nível até 2020.

Este ano, o Governo português até acha que o preço médio do petróleo ficará acima daquilo que as instituições internacionais prevêem. Contudo, para 2017, o Ministério das Finanças está muito mais optimista. Medido em euros, espera que o preço do barril fique pelos 36,8 euros, enquanto as instituições internacionais antecipam 40,4. Quase 10% mais.

Quanto ao outro risco, ele é até mais perigoso. Se a procura externa cair dois pontos percentuais, o Programa de Estabilidade diz que a contracção de actividade duraria dois anos e não apenas um. Mais uma vez, parece haver uma confusão entre contracção e desaceleração. Os gráficos apontam para um crescimento mais lento nesses dois anos e não para uma quebra. 

O petróleo e a procura externa são apenas dois dos riscos identificados pelo Governo neste documento. No contexto externo, são referidos outros três riscos: uma travagem mais forte da economia chinesa, uma crise mais profunda nos países emergentes e um prolongamento da recessão em economias como a brasileira e a russa. "Além disso, a crise de refugiados, o programa de ajustamento da Grécia, o referendo no Reino Unido e as tensões geopolíticas no Médio Oriente, na Ucrânia e em África são factores que podem ter um impacto negativo na confiança", refere o documento.

Dentro de portas, o Governo refere que uma desalavancagem pode ser menos eficaz e contínuas dificuldades de rentabilidade do sistema financeiro podem ser riscos importantes.

Por outro lado, são também sublinhados "riscos positivos". Isto é, coisas que podem correr melhor do que se espera. Entre eles está o impacto das reformas estruturais que o Governo acredita que poderão aumentar o potencial produtivo da economia. Cita também a instabilidade no Norte de África como um factor que pode continuar a ajudar o turismo nacional, assim como a diminuição dos impostos directos sobre as famílias.

 

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