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Portugal recupera competitividade, mas não anula queda do ano passado

Impostos, mercado de trabalho, gestão das empresas e finanças públicas continuam a pesar na avaliação do índice de competitividade. Irlanda dá um salto de nove posições e ascende ao segundo lugar.

DR
19 de Junho de 2023 às 23:01
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O bom desempenho da economia portuguesa no último ano deu um impulso no ranking de competitividade mundial do instituto suíço IMD, ocupando agora a 39.ª posição num conjunto de 64 países avaliados. Face a 2022, o país recupera três lugares, mas não anulou a queda registada de seis posições.

De acordo com o Centro de Competitividade Mundial (WCC) do IMD, "Portugal regista melhorias em dois dos quatro indicadores-chave: desempenho económico (subida da 46.ª para a 42.ª posição) e eficiência empresarial (42.ª para 41.ª)". Já na avaliação da eficiência governativa mantém-se na mesma posição (43.ª), mas a pontuação no fator infraestruturas desce dois lugares", apesar de continuar a ser o indicador em que o país regista melhor classificação (32.º)".

"Entre os subfactores em que Portugal se destaca positivamente estão a educação (23.ª), quadro social (24.ª), comércio internacional (26.º) e saúde e ambiente (27.º)", refere o IMD, apontando como piores pontuações as "matérias de política fiscal (54.ª posição), mercado de trabalho (51.ª), práticas de gestão empresarial (51.ª) e finanças públicas (49.ª)."

"A melhoria de Portugal na classificação geral deve-se, em grande medida, aos seus progressos significativos em termos de desempenho económico, nomeadamente nos subfactores ‘economia nacional’ e ‘comércio internacional’, refere o economista sénior do WCC, José Caballero.

"Portugal também apresenta um bom desempenho em alguns aspetos de eficiência empresarial, tais como a produtividade geral, o crescimento a longo prazo da força de trabalho, o índice da bolsa de valores e a eficácia da resposta do setor privado às oportunidades e ameaças do mercado", acrescenta o economista, alertando para áreas que podem "afetar negativamente a competitividade de Portugal a longo prazo".



Entre os maiores desafios da economia apontados pelo IMD estão a manutenção do crescimento do PIB acima da média da União Europeia, "de forma a apoiar o aumento do rendimento real e inverter o declínio do PIB per capita", indica o estudo.

O instituto suíço sugere que seja encontrado um "acordo interpartidário sobre estratégias para fazer face a questões demográficas urgentes como o envelhecimento e a baixa taxa de natalidade", encorajando "reformas na justiça, saúde, educação e segurança social que possam promover serviços públicos de qualidade e reduzir o endividamento económico."

O salto da Irlanda

É a maior subida registada no ranking da competitividade. A Irlanda sobe nove posições de sétimo para segundo lugar, ficando entre a Dinamarca – que segura o primeiro lugar – e a Suíça, que se mantém em terceiro.

A explicar o salto irlandês, o IMD refere que tal "resulta, em grande medida, dos seus sólidos resultados em termos de desempenho económico."

A Dinamarca continua sólida no topo da tabela e "baseia-se nos seus resultados contínuos em todos os fatores de competitividade medidos. Continua a ser o primeiro país em termos de eficiência empresarial e de infraestruturas, tendo melhorado ligeiramente em termos de eficiência da administração pública (onde passou do sexto para o quinto lugar)", refere a análise do IMD.

O instituto suíço conclui que "as economias mais bem-sucedidas tendem a ser mais pequenas, a ter um bom enquadramento institucional, incluindo sistemas educativos sólidos, e - no mundo fragmentado em que vivemos - um bom acesso aos mercados e a parceiros comerciais", como são os casos da Dinamarca, Suíça e Singapura, além da Irlanda.

Mas a crise inflacionista do último ano também causou danos nas economias mais fortemente afetadas, com "impacto nas pontuações regionais de competitividade". Os países com as taxas de inflação mais elevadas a nível mundial acabaram por perder terreno em relação aos países com baixos níveis de inflação.

O IMD dá o exemplo da Letónia, que regista "a maior descida na classificação geral, caindo para o 51.º lugar (do 35.º). Esta descida deve-se principalmente à deterioração do seu desempenho em termos de eficiência governamental e eficiência empresarial, causada por níveis recorde de inflação em 2022", refere o instituto.

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