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OCDE revê em baixa PIB da Zona Euro pela segunda vez este ano

A economia europeia vai desacelerar mais do que o previsto devido à queda da procura externa. A antecipação é feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) no Economic Outlook intercalar.

Bruno Simão
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 20 de Setembro de 2018 às 10:00
A OCDE prevê que o ritmo de expansão económica já tenha atingido o seu pico. E isso reflecte-se nas suas previsões de crescimento para as economias avançadas, especialmente a Zona Euro. A queda da procura externa, num ambiente de guerra comercial, levou a Organização a rever pela segunda vez em baixa o PIB para o conjunto dos Estados-membros do euro. As previsões constam do Economic Outlook intercalar publicado esta quinta-feira, dia 20 de Setembro.

Há um ano, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) estimava que a economia da Zona Euro ia crescer 2,1% em 2018. Mas, em Março deste ano, mostrou-se mais optimista - depois de se confirmar um crescimento de 2,5% em 2017, o maior da última década - e reviu em alta o PIB para 2,3%.

Contudo, dois meses depois, com Donald Trump a dar os primeiros passos no conflito comercial, a OCDE reviu em baixa o crescimento da Zona Euro para 2,2%. Esta quinta-feira volta a fazê-lo no Economic Outlook intercalar, prevendo agora uma subida do PIB de 2% este ano.  
A mesma trajectória de previsões verificou-se no que se refere a 2019. Depois de prever um crescimento de 2,1% no próximo ano, a OCDE estima agora que o PIB cresça 1,9%. "O crescimento económico na Zona Euro desacelerou desde o início de 2018, particularmente nos sectores industriais que foram confrontados com uma menor procura externa, mas está a caminho de manter-se perto dos 2% no período 2018-19", lê-se no relatório.

Estas revisões em baixa são justificadas pela Organização pela diminuição da procura externa que se tem sentido desde que a administração norte-americana decidiu impor tarifas às importações de aço e alumínio dos seus parceiros comerciais, nomeadamente os Estados-membros da União Europeia. 

"O crescimento do comércio global abrandou no primeiro semestre de 2018, com as tensões comerciais já a ter efeitos adversos na confiança e nos planos de investimento", alerta a OCDE, assinalando que "mais restrições ao comércio irá prejudicar os postos de trabalho e os padrões de vida, particularmente para os agregados com baixos rendimentos". 

Esse efeito tem sido compensado parcialmente por uma maior procura interna: "A política monetária acomodatícia, a política orçamental suavemente expansionista, o crescimento forte do emprego e as condições de financiamento favoráveis ajudam a sustentar a procura interna".

Itália é um problema. Arquitectura da Zona Euro tem de ser reforçada

A OCDE mostra-se confiante com os desenvolvimentos na Alemanha e em França - as duas maiores economias europeias -, mas tem dúvidas quanto a Itália. "Um crescimento mais fraco é provável que aconteça em Itália, com a incerteza à volta das escolhas políticas, maiores juros [da dívida] e menor criação de emprego a travar o consumo privado", aponta. Este é um dos pontos fracos da Zona Euro que leva a Organização a pedir que se avance com o aprofundamento da União Económica e Monetária.

"O recente aumento do risco nas obrigações italianas, e a associada queda das acções dos bancos italianos, são uma demonstração do passo a que as vulnerabilidades podem reemergir na Zona Euro", assinala a OCDE, pedindo às instituições europeias que reduzam o risco de contágio, aumentem a resiliência das economias e reforcem o quadro orçamental. Isso passa, por exemplo, por criar o EDIS (sistema europeu de garantia de depósitos), o que "aumentaria a confiança e ajudaria a diversificar os riscos". 

Com a incerteza em alta a nível mundial, e em particular na Europa, a OCDE recomenda ao Banco Central Europeu que opte por um ritmo gradual na normalização da política monetária, uma vez que a retirada rápida dos estímulos pode criar ainda mais instabilidade e colocar em causa o já moderado crescimento económico da Zona Euro.
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