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Nomura mais pessimista do que o Governo sobre o crescimento da economia portuguesa

O Governo de Passos Coelho estima que a economia venha a crescer 1% em 2014 e 1,5% em 2015. Mas as instituições a nível internacional têm uma visão mais pessimista.

03 de Dezembro de 2014 às 13:37
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A economia portuguesa deverá crescer 0,8% este ano e 1,1% no próximo. A estimativa é do Nomura que olha para o desempenho económico de Portugal com maior pessimismo do que o Governo e a Comissão Europeia.

 

O banco de investimento japonês divulgou esta quarta-feira, 3 de Novembro, as suas previsões para o próximo ano no seu "Global Annual Economic Outlook".

 

No Orçamento do Estado para 2015, o Governo de Passos Coelho estima que a economia venha a crescer 1% em 2014 e 1,5% em 2015. Mas as instituições oficiais a nível internacional têm uma opinião diferente e mais pessimista.

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu recentemente em baixa as previsões para 2014 e 2015: de 1% para 0,8% este ano e de 1,5% para 1,2% no próximo.

 

Também Bruxelas reviu em baixa as suas estimativas na sua previsão de Outono, divulgada no início de Novembro. Espera agora um crescimento de 0,9% em 2014 e de 1,3% em 2015.

 

A Comissão Europeia aponta que a procura interna deverá ser "o motor do crescimento enquanto as exportações deverão contribuir negativamente para o crescimento económico em 2014, mas melhorar gradualmente" em 2015 e 2016. E deixou o aviso que o Orçamento do Estado para 2015 pode não ser necessário para alcançar um défice inferior a 3% do PIB.

 

O Governo tem, no entanto, uma opinião diferente das autoridades comunitárias, e argumenta que tudo está a correr como previsto. "O INE [Instituto Nacional de Estatística] acabou de rever em alta os números do crescimento do terceiro trimestre, reforçando as nossas expectativas para o ano de 2014 e dando ainda mais confiança de que as previsões estão corretas", disse a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque na passada semana.

 

Outra instituição internacional, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) também não acredita que o crescimento seja tão elevado como nas contas do Governo.


A organização prevê um crescimento de 0,8% este ano e de 1,3% em 2015, valores a par, e acima, da sua estimativa para a Zona Euro de 0,8% e 1,1% para este ano e o próximo.

 

No Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo estima que a actividade económica acelere no segundo semestre deste ano, "tanto pela manutenção de contributos positivos da procura interna, como pela melhoria do comportamento das exportações, após fatores de natureza temporária terem limitado a sua evolução", em referência à paragem de dois meses da refinaria de Sines verificada no primeiro semestre.

 

Já para 2015, o Executivo prevê um crescimento de 1,5% devido à "contribuição positiva da procura externa líquida, bem como a manutenção do contributo positivo da procura interna". A recuperação económica nos principais parceiros comerciais de Portugal - Alemanha, França e Espanha - deverá provocar um aumento das exportações, segundo o Governo.

 

BCE deverá avançar com "quantitative easing" até Março

 

O banco japonês prevê que a Zona Euro venha a crescer 0,8% este ano e 0,9% no próximo.

Mas está preocupado com a inflação na região, prevendo uma taxa de 0,5% este ano e de 0,4% no próximo, cerca de metade do previsto pela Bloomberg, por exemplo.

 

O Nomura acredita assim que o Banco Central Europeu (BCE) deverá avançar com o programa de compra de dívida pública ("quantitative easing") no máximo até Março.

 

A compra de dívida corporativa também deverá no primeiro trimestre de 2015, podendo ser anunciada já amanhã na reunião mensal de Dezembro.

 

O Nomura acredita que a compra de obrigações soberanas vai avançar devido à "falta de capacidade do BCE aumentar rapidamente o seu balanço dentro do seu actual programa de compra de activos".

 

No entanto, o Nomura duvida que este programa venha a ser eficaz: "Apesar da compra de obrigações soberanas terem algum impacto positivo no preço dos activos, não estamos convencidos de que venha a ter um significativo impacto macroeconómico".

 

"Acreditamos que os mecanismos de transmissão entre o 'quantitative easing' e a economia real são muitos fracos", pode-se ler na análise.

 

O banco considera assim que o BCE vai aprovar este programa porque vai ficar "encurralado sem nenhuma outra opção, além da compra de dívida soberana".

 

Olhando para o ano de 2015, o banco acredita que os maiores riscos para a Zona Euro são o fraco potencial de crescimento, o nível elevado de crédito malparado e a tendência de aumento da dívida pública.

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