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Morgan Stanley cola Portugal à Grécia e prevê défice de 3% até 2017

Na arrumação dos países da periferia do euro, o banco norte-americano escreve que começam a aparecer fracturas, colocando Espanha e Irlanda de um lado, e Portugal e Grécia do outro.

Miguel Baltazar/Negócios
14 de Março de 2016 às 14:19
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O Morgan Stanley antecipa que Portugal cresça apenas 1,3% neste ano e que o défice orçamental persista em 3% do PIB até 2017, o que, a verificar-se, não permitirá ao país sair do procedimento europeu dos défices excessivos.


Num contexto de revisão em baixa do crescimento na Zona Euro, o Morgan Stanley antecipa menos crescimento e mais défice em Portugal, pondo ambas as previsões muito distantes das do governo. Na sequência das reticências de Bruxelas, o Executivo de António Costa apresentou ao Parlamento uma proposta de Orçamento do Estado assente numa previsão de evolução do PIB de 1,8% em vez de 2,1% - valor que a Comissão Europeia e o FMI continuam a considerar excessivamente optimista, calculando 1,6% e 1,4%, respectivamente. O Governo comprometeu-se, por seu turno, com um défice orçamental máximo de 2,2% do PIB, meta que Bruxelas considera também difícil de cumprir sem medidas adicionais de austeridade, tendo, por isso, pedido a Lisboa para ter pronto um plano B.

As novas previsões do Morgan Stanley surgem no contexto de um relatório detalhado em que actualizam as perspectivas para a Zona Euro e os alguns dos seus Estados à luz dos mais recentes dados e dos principais riscos, designadamente da saída do Reino Unido da União Europeia e da suspensão de Schengen.  

Na arrumação dos países da periferia do euro, o banco norte-americano escreve que começam a aparecer velhas clivagens, colocando Espanha e Irlanda de um lado, e Portugal e Grécia do outro. "A periferia ainda continua a progredir, mas começam a surgir fracturas. Continuamos a ver um forte crescimento em Espanha e Irlanda, embora menos do que antes", referem os economistas do Morgan Stanley, ao chamar a atenção para o risco de, após eleições inconclusivas, se assistir a uma desaceleração ou até reversão de reformas neste dois países. Já em Portugal "a falta de reformas está rapidamente a tornar-se uma preocupação, enquanto a Grécia está a progredir lentamente e de forma desigual", acrescentam os economistas do banco que antecipam um cenário mais optimista para a evolução de Itália.

"Estamos mais cautelosos sobre as perspectivas para a economia portuguesa" porque os "indicadores coincidentes chave sugerem que o impulso económico está a desacelerar" e porque "uma combinação de políticas excessivamente expansionista e a reversão de algumas reformas estruturais anteriormente implementadas podem lançar dúvidas - aos olhos dos participantes do mercado sobre a vontade e a capacidade de projectar uma mudança estrutural profunda", argumentam os economistas do banco, segundo os quais estará também em curso uma contracção do investimento que tenderá a ser agravada pela incerteza em torno do rumo das políticas e da capacidade do governo adoptar novas medidas de austeridade. "Por agora, as agências de rating parecem confortáveis com a trajectória da dívida portuguesa" e "o governo minoritário está pronto para adoptar austeridade extra se a consolidação orçamental se deteriorar". "Resta ver se o conseguirá fazer mantendo o apoio dos partidos de extrema-esquerda de que depende", acrescenta o Morgan Stanley. 



(Notícia actualizada às 14h50)

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