Notícia
Montepio: Economia portuguesa cresce menos este ano e desacelera em 2019
O Departamento de Estudos do Montepio reviu em baixa as suas estimativas para o crescimento do PIB de Portugal este ano, depois de a evolução no terceiro trimestre ter ficado abaixo do previsto.
A economia portuguesa registou um crescimento em cadeia de 0,3% entre Julho e Setembro, o que representa metade do valor que o Montepio estava à espera (crescimento entre 0,5% e 0,7%).
"Trata-se de uma desaceleração face ao acréscimo de 0,6% observado no segundo trimestre, afastando-se um pouco mais do ritmo do terceiro trimestre de 2016 (+1,1%)", refere o banco num relatório publicado esta segunda-feira, 19 de Novembro, assinalando que "este crescimento do PIB abaixo das nossas expectativas terá resultado, essencialmente, da intensidade dos crescimentos observados nas principais componentes do PIB, admitindo-se que as exportações líquidas possam ter penalizado mais o crescimento do PIB do que o inicialmente por nós estimado, e que o consumo privado, bem como o investimento em capital".
Em termos homólogos, a economia portuguesa cresceu 2,1% no terceiro trimestre deste ano, quando comparado com o mesmo período do ano passado, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE) na passada quarta-feira, 14 de Novembro.
Para reflectir esta evolução mais fraca do que o antecipado, o Montepio aponta agora para um crescimento de 2,2% no PIB no conjunto deste ano, o que representa uma diminuição face à anterior estimativa (+2,3%) e ao registado em 2017 (+2,8%). A nova previsão está agora alinhada com a da Comissão Europeia e OCDE e ligeiramente abaixo da avançada pelo Governo, FMI e Banco de Portugal (+2,3%).
Para a totalidade deste ano o Montepio prevê "uma estabilização do crescimento do consumo privado (+2,3%), mas um abrandamento da FBCF (+4,4% vs +9,2% em 2017)" e também um "ligeiro contributo negativo das exportações líquidas".
Para o quarto trimestre, o banco está a contar com um crescimento em cadeia de 0,6%, o que a confirmar-se duplicará a taxa registada no terceiro trimestre (0,3% de acordo com a estimativa preliminar do INE). Esta aceleração deverá ser suportada "pelo investimento em capital fixo (FBCF) e pelo consumo privado, este último continuando a ser suportado pela manutenção da redução da taxa de desemprego e pelo aumento do rendimento disponível das famílias, em resultado do alívio fiscal resultante da entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2018".
Para o próximo ano, o Montepio mantém a estimativa de crescimento do PIB de 2%, o que se situa abaixo do previsto (2,2%) pelo Governo, e a confirmar-se, representará o segundo ano consecutivo de desaceleração da economia portuguesa. O FMI e a Comissão Europeia prevêem uma desaceleração ainda mais acentuada da economia portuguesa no próximo ano (crescimento de 1,8%).
Se o Montepio cortou uma décima à sua previsão para o crescimento do PIB de Portugal este ano, o Barclays fez precisamente o contrário, embora o banco britânico permaneça com uma estimativa mais reduzida.
De acordo com a Bloomberg, o Barclays estima um crescimento do PIB de 2,1% em 2018 (antes estimava +2%). A previsão para 2019 ficou inalterada em 1,7%, o que também se encontra abaixo das generalidade das estimativas para a economia portuguesa.